O Coveiro Maldito fez do próprio corpo um cadáver
Fotos por Guilherme Santana.

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O Coveiro Maldito fez do próprio corpo um cadáver

Mas por que ele fez isso?!

TzzZzzrzzZzzrzzZzzzrzZzr…TzrZzr…TzzrzZzrzzr…TzZr. O som da máquina de tatuagem do Jhon Tattoo estala em seu estúdio de um cômodo só, em São Bernardo do Campo, interior de São Paulo. As paredes são brancas e cor de rosa, o chão do tipo tabuleiro de xadrez, e seu principal cliente está sentado na cadeira com o braço estendido sob a maca de couro. "Agora estou fazendo o cotovelo dele aberto, pra mostrar os músculos e os ossos, e depois vou dar uma retocada nos rasgos do braço", explica Jhon, um homem robusto de voz mansa e barba bem aparada. O cliente, por sua vez, não demonstra qualquer reação de dor. Há três anos é assim: eles se encontram religiosamente quatro vezes por mês para que um transforme o corpo do outro na imagem de um homem brutalmente morto.

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Foto: Guilherme Santana/VICE

Cerca de 70% da pele que recebe a agulha já está coberta. São furos de tiros de revólver, costuras, carne e manchas de sangue. Vermes, baratas e moscas fixam-se entre os ferimentos. As costelas, o intestino, o coração e o cérebro na tampa da cabeça saltam para fora. Trechos da Bíblia e um crucifixo com rosto de demônio estão no meio de tudo isso, assim como um pentagrama e um 666 que parecem cortados à navalha. Estas são apenas algumas das figuras que os olhos notam numa primeira impressão. É muita informação em forma de tatuagem. E o homem por trás disso está mascarado. "Não falo o meu nome e também não mostro meu rosto. Mas pode me chamar de Coveiro Maldito", ele diz, enquanto Jhon trabalha.

Foto: Guilherme Santana/VICE

Aos 27 anos de idade, usando coturnos de 16 furos, calça preta justa, suspensório e camisa social, o Coveiro adquire um ar imponente com seus 1,85 m de altura. Figura pública entre os entusiastas da modificação corporal, ele já fez ponta em seriado de TV (Psi, da HBO) e pode ser facilmente encontrado nas convenções de tatuagens que rolam anualmente em São Paulo. Nesses casos, porém, nem os produtores, os contratantes e as demais pessoas envolvidas viram sua face: ele sempre chega e vai embora de máscara. São apenas os familiares e alguns chegados que conhecem o rosto e a história completa. O Jhon Tattoo, que ajuda a manter este segredo, está com o Coveiro Maldito desde o início, sendo o responsável por cada traçado no corpo do homem em constante transformação.

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Foto: Guilherme Santana/VICE

"Cara, quando ele veio aqui pela primeira vez, ele tinha só uma tatuagem pequena que depois eu cobri", relembra Jhon. "Primeiro, ele chegou como um cliente normal e pediu uma caveira no braço. Algum tempo depois, ele queria outra tatuagem nesse estilo sombrio. Até que, num belo dia, esse cidadão volta no estúdio e diz: 'eu quero tatuar uma autópsia'. Eu falei, 'puta merda, como assim? Uma autópsia?!' No começo, pensei que era só fazer a cena de um legista mexendo num morto. Mas não, ele me disse que queria deixar o corpo inteirinho como o de um defunto. Depois dele me contar os motivos e a história dele, a gente foi com tudo. Esse projeto, que leva anos e anos de duração, vale a pena por causa disso: a história desse cara é insana". Menino de preto "Quando meu filho nasceu, os médicos disseram que ele iria morrer." Do outro lado da linha telefônica está Marcos, o pai do Coveiro Maldito, se policiando para não revelar o nome do filho e o sobrenome da família. Ele conta que, durante o parto do primogênito, não houve complicações: pesando 4,5 kg, era o bebê mais forte da maternidade. Os pais comemoraram quando puderam levar a criança para casa, mas os problemas vieram logo em seguida. "Em pouco tempo meu filho ficou com 2 kg. Ele havia contraído uma infecção hospitalar e os doutores disseram para nos acostumarmos com a possibilidade dele não sobreviver, pois ali já não poderiam fazer mais nada", diz Marcos.

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Foto: Guilherme Santana/VICE

Após um ano de correria entre diversos especialistas, a situação parecia sem perspectiva quando ele e sua esposa cruzaram com um senhor que morava perto da residência do casal, em Santo André, no ABC Paulista. "Eu já aceitava qualquer coisa pra salvar meu filho, e então apareceu aquele velhinho que fazia remédios caseiros. Ele fez o remédio, que não tinha nem etiqueta, e passou a dosagem. Não sei se foi milagre ou outra coisa, mas o tratamento funcionou e meu filho sobreviveu."

Marisa, a mãe, diz que essa primeira experiência fez o casal desistir de aumentar a família. "A gente pensava em ter outros filhos, mas eu criei um trauma tão grande quando ele nasceu, que decidimos parar por aí."

Curada, a criança cresceu e foi para o colégio. Era empenhada nos estudos, mas entrando na adolescência os pais notaram pela primeira vez no filho uma tendência em esconder o rosto. Marcos, que pegava a cria na escola, foi o primeiro a perceber. "Até a quinta série, ele era um menino feliz, mas depois mudou muito. Às vezes, estava um calor danado e ele com a toca do agasalho e cabeça baixa. Ele ficou triste, esquisito, sombrio. Meu filho foi vivendo assim até o dia que descobri o problema. Era a acne, gerada por um doença intestinal, que deixava ele muito envergonhado. Procurei um tratamento que durou três anos. Meu menino ficou bonitão de novo, mas continuou de cabeça baixa. Ele passou a usar unha preta, batom preto, tudo preto. Parecia o Batman."

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Foto: Guilherme Santana

Pouco tempo depois, prestes a cumprir o colegial, o menino de preto deixou o cabelo crescer, virou gótico metaleiro e surgiu o interesse pelas meninas da sua idade. Junto, vieram os passeios pelos cemitérios da região, onde ele podia se distrair sem ser perturbado. "Quando se é jovem e você não pode ir na casa da namorada e nem no motel, o cemitério acaba virando uma boa opção", conta o Coveiro sobre aquela época. E, assim, ele perdeu a virgindade; mas no susto: um policial, de passeio, flagrou o garoto e a namorada entre os túmulos e levou-os para a delegacia. Quando foi pegar o filho, Marcos ficou bravo, mas depois entendeu a situação do menor. O pai da menina era mórmon. Foi o fim daquele namoro, e da adolescência também. Trabalhando com mortos Luana Moriaty tem 21 anos, o cabelo curto e escuro, de traços finos e baixa estatura. Sentada próxima da maca onde o Jhon Tattoo "abre" o cotovelo do Coveiro Maldito, ela parece bem à vontade. Suas orelhas ainda estão com os pontos cirúrgicos do dia anterior, quando se submetera a um procedimento conhecido como orelha de elfo. A pele branca ressalta algumas tatuagens e uma série de escarificações ao longo do braço direito. Ela trabalha com piercings, como atriz de filmes BDSM e, de tempos em tempos, pratica suspensão corporal.

"Meu namorado é um gato", ela diz. "Ah, você que é linda", interrompe o Coveiro Maldito. "Não, mas é sério, eu digo que é o meu Corey Taylor, o vocalista do Slipknot", continua Luana, tentando responder quem seria o homem por trás da máscara. "Loiro, o nariz bonitinho, olhar marcante. Mas existem duas personalidades habitando o corpo dele. Uma é o cara sereno e fiel que gosta de me dar flores, e a outro é o Coveiro, que, quando aparece, deixa ele mais quieto, com os gestos brutos, meio monstro, sabe? Às vezes ele tem pesadelos. Passar pelo o que ele passou naquele trabalho foi algo muito forte na vida dele."

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Foto: Guilherme Santana

Luana se refere ao início de 2012, quando seu namorado entrou pela primeira vez no Instituto Médico Legal, o órgão vinculado à Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo responsável, entre outras funções, por fazer a autópsia de cadáveres vitimizados por crimes ou encontrados pela polícia. Desempregado, aquela fora a única opção de trabalho que surgira para ele após meses de procura.

"Eu realmente precisava trabalhar, e a única vaga que consegui foi no IML. Entrei com a intenção de sair assim que surgisse outra coisa pra fazer, mas fiquei lá durante um ano", diz o Coveiro, afirmando que mais de uma centena de mortos passaram por suas mãos.

Atuando como ajudante geral, ele participou de todas as etapas da instituição. Preenchia a ficha do morto (nome, procedência, etc.), fazia a lavagem e "reparos" no corpo, acompanhou autópsias conduzidas pelos legistas. O primeiro cadáver, ele diz, "a gente nunca esquece". O corpo inerte era de um motoboy. "Ele estava com várias fraturas expostas, a perna e a barriga dobradas, o rosto desfigurado, a caixa torácica aberta. Injetamos formol e massageamos o corpo para deixar a pele mais corada. Ele tinha uma aliança no dedo. Foi caixão fechado. Naquele dia fiquei muito abalado e vi que seria difícil me adaptar àquela rotina."

Foto: Guilherme Santana/VICE

O turno era o da madrugada, das 23h às 5h, marcado por alguns episódios atrozes. Em um deles, o Coveiro relata o aparecimento de um bebê sem vida e ainda com o cordão umbilical deixado na área externa do IML. Em outra situação, ele confidencia ter testemunhado um caso de necrofilia. "Aconteceu no fim do expediente. Tinha aquele outro cara que trabalhava comigo e, antes de ir embora, fui dar tchau pra ele. Quando abri a porta do lugar onde os corpos ficam guardados, ele estava em cima de uma mulher, penetrando ela. Fiquei puto, fui pra cima dele, falei um monte. Depois chamei a polícia e fiz um B.O."

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De acordo com o Coveiro, eram nos feriados que mais pessoas morriam. Já nos dias "comuns", o número de corpos podia variar bastante, mas ele assegura que, ao menos em sua unidade do IML, a maioria pertencia ao sexo feminino. "Mulheres entre 18 e 35 anos, vítimas de violência doméstica. Lembro de uma que foi assassinada e jogada no Rio Tamanduateí. Ela estava tão inchada que não cabia na maca. Me entristecia muito ver aquelas mulheres que deviam ter milhares de planos que terminavam ali, numa maca do IML", lamenta o Coveiro.

Foto: Guilherme Santana/VICE

Foi em uma dessas ocasiões que ele passou a suspeitar da existência de tráfico de órgãos. A vítima era uma jovem de 27 anos, morta a facadas pelo marido. "O cara perfurou o pescoço e o coração. Mas quando o corpo chegou pra mim, reparei uma incisão recente e a ausência do rim". O ex-funcionário admite que nunca presenciou a comercialização de órgãos, mas denuncia que ela existe: "Não é lenda, não é balela: esse tipo de atividade acontece. Um rim saudável vale dinheiro, e onde há dinheiro, sempre tem alguém disposto a lucrar. O legista, se ele for torto, consegue faturar com isso, já que ele é o último cara a manusear os órgãos internos."

Ao falar do IML, a voz do Coveiro é pesarosa, sem jamais regojizar de suas experiências. Mortes por combustão, suicídio, fuzilamentos, vícios e inúmeras enfermidades, de tudo o Maldito já viu. Mas o que poderia gerar aversão, por vias tortas tornou-se um fascínio. "Certa vez, eu estava diante de um homem todo aberto e com um tiro no rosto. Vendo ele por dentro, percebi como a gente é incrível. Do nada, pensei que representar a complexidade da vida e da morte na forma de tatuagens seria algo muito bonito. Foi estranho, pois encontrei alguma beleza naquilo ao mesmo tempo em que já estava chegando no meu limite para suportar o trabalho."

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Foto: Guilherme Santana/VICE

Semanas depois, esgotado pela rotina extenuante com mortos, ele de fato deixou o IML, mas a experiência fora marcante demais para ser esquecida e a ideia das tatuagens continuou matutando. Então, no final de 2012, ele fez sua primeira visita ao Jhon Tattoo. "Comecei de leve. Nunca fui muito fã de tatuagem. Pensei em fazer algumas com o tema da morte pra ver no que isso podia dar depois", explica o Coveiro, que também levou em conta a aceitação de seu pai (Marcos tem no peito uma Santa Morte que ele fez em si mesmo e outras seis tatuagens, todas "dos tempos de molecote").

Empolgado após as duas primeiras tattoos com o Jhon, o Coveiro não titubeou e sentiu que era aquilo mesmo: ele iria transformar seu corpo num cadáver. "Eu criei um respeito tão grande pela morte que eu queria passar isso para as pessoas; fazer elas respeitarem mais".

Foto: Guilherme Santana/VICE

O processo foi longo e doloroso, mas para o Coveiro também tornou-se uma maneira de homenagear os mortos que cruzaram seu caminho. "A lâmina no pulso é em memória dos que se suicidaram. As queimaduras no braço é para os que morreram carbonizados. O crucifixo e os trechos da Bíblia são os cemitérios. O feto na minha axila é uma lembrança daquele bebê morto. A mulher afogada em lágrimas de sangue é para todas as vítimas da violência doméstica. Os olhos que espiam pelos furos representam os demônios que vivem dentro de mim. Nada é aleatório, tudo é interligado e com um significado", ele explica apontando para cada uma das referências ao longo do seu corpo.

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Foto: Guilherme Santana/VICE

Para atingir o nível de realismo empregado no Coveiro Maldito, o Jhon Tattoo fez muitos estudos sobre a anatomia humana, de forma que as tatuagens de ossos, músculos e veias simulam e comportam-se ao movimento e localização daquilo que está debaixo da pele. Uma das poucas exceções nestes termos, é a tatuagem do coração, que foi deslocada para o centro do peito, onde há uma área que pulsa com as batidas do órgão (algo quase imperceptível à olho nu, mas bastante visível com aquela tatuagem por cima). Quem vê tudo ao vivo percebe como o traçado de Jhon é primoroso.

Conforme a relação crescia, as tatuagens deixaram de envolver dinheiro e tornaram-se um projeto pessoal para os dois. E foi com o processo já em estado avançado que eles tiveram a ideia de expor o resultado nas convenções. Para criar efeito e preservar a identidade do homem marcado, nasceu assim o Coveiro Maldito, um personagem que oscila entre a ficção e as experiências reais de seu protagonista.

Foi neste período que o Coveiro conheceu Luana. "A primeira vez que vi ele, foi em uma dessas convenções de tattoo", conta a namorada, que trabalhou em alguns desses eventos. "Eu achei ele super estranho e criei até certo preconceito. Ele usava aquela máscara esquisita, sangue falso espalhado pelo corpo e ficava gritando. Não sabia que era sangue falso, então pensei que ele ficava se cortando na frente das pessoas só pra chamar atenção. Um dia, adicionei ele no Facebook e comecei a entender melhor o que ele estava fazendo. Com a convivência, descobri uma pessoa incrível e com um coração imenso."

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Foto: Guilherme Santana/VICE

Hoje, o tempo do Coveiro é dividido entre a namorada, os projetos com o Jhon Tattoo, seu atual trabalho na indústria automobilística, que lhe deu estabilidade financeira, e a família, sua maior preocupação. "Sempre dediquei tudo o que conquistei aos meus pais. Eles passaram por maus bocados comigo. Gastaram o que tinham e o que não tinham para me dar uma boa criação, e eu sempre senti o compromisso de melhorar a vida deles", diz o Coveiro, que guardou dinheiro durante anos para construir uma casa para Marisa e Marcos, que trabalham como cozinheira e mecânico de carros. "A casa que ele vive com os pais e ainda está construindo significa muito pra ele. Eu visitei o lugar onde ele cresceu, e era um barraco de madeira na periferia de Santo André. Um quartinho, um banheiro e uma cozinha, tudo bem humilde", revela Luana.

Foto: Guilherme Santana/VICE

Os pais do Coveiro também demonstram orgulho do filho. "Eu fiquei assustada quando ele começou a se cobrir de tatuagens. Elas são muito sujas; aquelas baratas, aqueles vermes", confessa Marisa, aos risos. "Mas depois parei pra pensar que mudar a pele dele não mudaria quem ele é por dentro. Agora entendo que ele só quer mostrar para as pessoas que a vida é passageira. Aprendi muitas coisas com meu filho desde quando ele saiu do IML, e me sinto feliz por ele ser quem ele é", completa a mãe.

Marcos, por sua vez, nunca se incomodou com as escolhas estéticas e as consequências profissionais do filho. "Sempre achei muito bonito o que ele estava fazendo. Ele é original. Se você for na praia, vai ver um monte de gente tatuada, mas ninguém vai ser como ele", observa o pai. "Muitas pessoas vão passar a vida inteira sem ver o que meu filho viu. Isso deixou ele mais endurecido em relação ao mundo, as coisas não surpreendem ele como seria com uma pessoa comum. Mas, por outro lado, ele virou um cara forte diante das dificuldades." ***

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A sessão no estúdio do Jhon está quase chegando ao fim. É quando tocamos em um assunto delicado: há provas de sua passagem no IML? Ele diz que não. "Joguei no lixo o registro trabalhista e perdi a cópia do B.O do caso de necrofilia. Minha palavra e meu corpo são tudo o que eu tenho para provar o que vivi", afirma.

Além de não mostrar o rosto e falar seu verdadeiro nome, ele também mantém em segredo a unidade exata do IML no qual trabalhou. A única pista para uma possível prova que não comprometesse as informações que ele se recusa a passar, seria aquele B.O. Mas, quando consultada, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo negou a existência de qualquer boletim de ocorrência relacionado a casos de "vilipendio de cadáver" tanto em Santo André quanto no ABC Paulista ao longo de 2012 (se é que foi nessa região onde o Coveiro viveu a experiência que mudou sua vida naquele ano).

Foto: Guilherme Santana/VICE

Diante de tais circunstâncias, fica difícil não imaginar se os casos relatados pelo homem por trás da máscara não seriam apenas uma invenção para justificar seu corpo. Já para o ouvinte comum, sem qualquer compromisso com a checagem dos fatos, o Coveiro convence. Ele fala com propriedade dos assuntos do IML e não cai em contradição em suas histórias, que são confirmadas nos mesmos tons pelos amigos e familiares. Mas a verdade, independente de tudo, permanece incerta.

A máscara do Maldito parecia que iria cair. O dia era quente e a cola que segurava ela estava desgastada. "Arruma aqui a minha máscara, que está soltando", disse o Coveiro para a namorada. Notando a expectativa do repórter, ele emendou: "Cara, esquece, você não vai saber quem eu sou de jeito nenhum".

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TzrZzzr…Tzzr…Tzr. "Pronto, terminamos a sessão", interrompeu Jhon. "Agora vem a melhor parte: quando o Coveiro vai embora daqui e pisa na rua, a reação das pessoas é impagável", disse animado o tatuador. Na rua

Quando o Coveiro vai pra rua, obviamente ele não passa despercebido. Sem camisa e com toda sua simbologia mórbida a vista, ele acaba por despertar as mais variadas reações. Um bom número de transeuntes ficam chocados e, desses, muitos fazem o sinal da cruz enquanto apertam o passo. Algumas crianças choram. Outras ficam maravilhadas com aquele ser que poderia estar nos quadrinhos. Há até quem peça uma selfie. Famílias olham torto e se afastam, vendedores ficam ressabiados, mulheres gritam, pessoas se escondem e ninguém fica indiferente. Mas, apesar dos pesares, o homem freak segue a caminhada: "Eu mostro pras pessoas que, no fundo, somos todos iguais, feitos de carne, ossos, coração, sangue, tripas. Isso é pra lembrar que o final de todos nós será o mesmo, que ninguém é melhor do que ninguém. Quando olham pra mim, as pessoas se lembram da morte. Mas quase ninguém aceita a morte, não é?", questiona o Maldito, enquanto mais uma senhorinha olha feio, faz o sinal da cruz e murmura consigo mesma: "Mas porque ele fez isso, filho de Deus?".

Foto: Guilherme Santana/VICE

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