FYI.

This story is over 5 years old.

Música

Conheça Bruce Smear, o Alter Ego Eletrônico do Baixista do Beach Fossils

Tommy Davidson faz stoner surf rock no Beach Fossils de dia e paisagens sonoras eletrônicas como Bruce Smear à noite.

Foto cortesia de Bruce Smear

Bruce Smear passou os últimos meses em ascensão, depois de fazer os ouvidos do público se apurarem com uma brilhante mix para a DIS. As matérias-primas de Smear são sons e efeitos distorcidos, com vozes de gente com enjoo rosnando em meio ao som de bolas quicando e baterias com som de beijo estalado. No fim de junho ele soltou seu novo clipe, da música “Pick & Roll”, estrelando uma mistura de crustáceos alucinatórios e metais líquidos. Ele complementa a visão enviesada e animada presente na música, da percussão como uma propriedade essencial.

Publicidade

Bruce Smear é o alter ego distorcido de Tommy Davidson, mais conhecido como baixista do Beach Fossils. Durante o dia, stoner surf rock; à noite, paisagens sonoras experimentais afiadíssimas – eu precisava saber mais.

Noisey: Conte mais sobre Bruce Smear. Quem é essa persona?
Tommy Davidson: O Smear provavelmente nasceu da minha obsessão por O Quinto Elemento e Stomp. Aquele tipo de maximalismo brincalhão é algo para o qual sempre tendi. A insolência da capa do disco homônimo do Seal, de 1991, ou a atitude no clipe de “Scream”, do Michael Jackson – é para essas coisas que eu vivo. De Cornelius a Scritti Politti, a Art of Noise, há sempre uma energia frenética no ar, e é um negócio inebriante. Qual é a graça em praticar sutileza? Quanto mais bravatas, melhor.

Como diferem as abordagens de trabalhar como Smear e no seu papel no Beach Fossils?
Com certeza são opostos completos. Embora não pudessem ser mais diferentes, ambos são essenciais para o meu bem-estar criativo. Quando componho e toco com meus companheiros de banda, é uma experiência colaborativa e orgânica: uma coisa muito libertadora e completamente presente. No universo de Smear, sou um masoquista usando a maioria das minhas horas para labutar em cima de detalhes mínimos na suíte de produção. As faixas do Smear são compostas segundo por segundo, sample por sample. No fim das contas, é uma dicotomia saudável. Eu acabaria ficando embotado se não tivesse as duas coisas.

Publicidade

Smear é só mais um numa longa lista de alter egos eletrônicos. Quando você começou a curtir as paradas eletrônicas?
Cara, acho que preciso agradecer à geração MTV por isso! Um dos grandes destaques sendo o clipe feito por Chris Cunningham para a música “Come To Daddy”, do Aphex Twin. Não é possível que eu tenha sido a única criança a fugir da TV, sentindo igualmente horror e fascínio. Pouco sabia eu o quanto aquilo me impressionaria no futuro. O mesmo vale para todos os grandes dos clipes dos anos 90: “Smack My Bitch Up”, do Prodigy, “Praise You”, do Fat Boy Slim, a lista não acaba.

Pode me contar um pouco sobre alguns dos outros alter egos?
A variedade é o tempero da vida, mas de verdade sinto que, esse tempo todo, era em direção ao Bruce Smear que eu vinha trabalhando. Tenho um projeto defunto chamado Dream Cop, meio que uma mistura de shoegaze e pop experimental com vocais, em que trabalhei durante meus anos de faculdade. Também venho fazendo batidas de hip-hop há anos, como um exercício de produção só, embora algumas talvez venham à luz em outro formato, no futuro. Aviso quando rolar!

Qual é o lance desse vídeo? Quem fez, e por que você acha que ele reflete bem a música?
Esse clipe foi uma obra de amor minha e do diretor Anton Tammi; trabalhamos nele desde meados de 2014. Queríamos construir uma história mais ou menos baseada em temas de ficção científica, presentes em filmes como Prometheus e 2001: Uma Odisseia no Espaço: ou seja, uma forma de vida alienígena ameaçadora invade e/ou ataca o protagonista. E, no que diz respeito ao elenco, adoramos a ideia de usar insetos, crustáceos, ou quaisquer outras formas de vida “alienígenas” que habitam a terra. Já que os movimentos e expressões naturais deles são muito dramáticos quando filmados bem de perto, sabíamos que seria possível utilizar isso para nosso benefício na tela. Os amáveis caranguejos seriam nosso Davi, o escorpião nosso Golias, e o sinistro líquido prateado a nossa fonte de mistério. “Pick & Roll” é o acompanhamento perfeito em áudio para essa cena, porque Tammi ligou a edição do vídeo a cada um dos sons de uma forma linda. Desde os sons de despertador até as buzinadas de trompete, passando pelas investidas vocais, cada pequeno detalhe cria uma personalidade para essas criaturas, e o resultado final é tão engraçado quanto assustador.

Essa música se baseia muito em efeitos sonoros – uma bola de basquete quicando, etc. O que inspira você a trabalhar com esses sons?
Cerca de 95% do material que uso como Smear é baseado em samples, e estou sempre em busca de novas texturas. Algo que seja reconhecível, mas distorcido de uma maneira esquisita, de modo que você não saiba dizer exatamente o que é. Uma lata de metal sendo chutada pelo chão como um tambor, ou chaminés de vapor num tom mais alto como uma linha de sintetizador estridente. Meus heróis, os superprodutores Jimmy Jam e Terry Lewis, realmente abriram o caminho, nos anos 80, para esse tipo de som industrial e de experimentação percussiva. Vida longa à Rhythm Nation! Aliás, você já viu Stomp Out Loud? Juro que tem uma batida que os percussionistas estão fazendo na cozinha, com panelas e frigideiras, que ficou até hoje na minha cabeça, desde o primário.

O que vem a seguir para o Smear?
Anton e eu temos mais uma coisa guardada na manga, para o verão [do Hemisfério Norte]. Fiquem prontos para colocar seus óculos 3-D.

Ezra Marcus é o alter ego de Ezra Marcus. Siga-o no Twitter.