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Música

O SHONEN KNIFE ESCREVE CANÇÕES DOENTES SOBRE GATOS, COOKIES E BOLOS

A banda Shonen Knife construiu uma carreira de 33 anos com canções sobre as coisas importantes da vida: cookies, bolos, sorvete e sushi.

“Like a cat” - Shonen Knife

Quando a boca de Naoko Yamano não está cheia de comida, geralmente ela está cantando sobre isso. A banda Shonen Knife construiu uma carreira de 33 anos com canções sobre as coisas importantes da vida: cookies, bolos, sorvete e sushi, assim como alvoradas, pescaria, ciclismo e os mais dulcíssimos possíveis dos excessos do rock 'n roll.

O novo álbum delas, Overdrive, serve outras 10 fatias de diversão indie-rock, com as canções de comida corriqueiras acompanhadas por melodias sobre tênis, compras, má sorte, boa sorte e robôs do inferno. Nosso homem em Tóquio, Daniel Robson, falou com Naoko por Skype, que estava do outro lado do Japão em sua cidade natal, Osaka. Ele descobriu mais coisas sobre o álbum, e de como ela faz para evitar a obesidade mórbida.

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Noisey: Oi, Naoko. A primeira coisa que eu queria te dizer é que você tem que refazer o vídeo pra canção nova de vocês, “Like a cat”. Você teria os fãs de vocês de todo o mundo enviando vídeos de seus gatos fazendo coisas engraçadas e os editaria num videoclipe, e se eu soubesse que vocês estavam fazendo, eu mandaria pra vocês esse clipe hilário do gato da minha ex tentando de verdade pegar uma caneta que estava enfiada embaixo dum plástico transparente, arranhando e arranhando e arranhando pra sempre. O gato era muito estúpido, é fantástico. Se eu o enviar, vocês o colocariam no videoclipe de vocês?

Naoko: Sim, assim espero! Esse vídeo foi ideia da Janice, uma mulher que trabalha no nosso selo britânico, Damnably. Ela disse que já que todo mundo gosta de gatos, e já que a Shonen Knife tem tantas músicas de gatos, deveríamos fazer um vídeo de gatos.

É uma ideia de marketing sem limites.
Sim. Claro que todo mundo gosta de seu próprio gato, então foi muito difícil escolher entre os clipes. Janice editou ela mesma, e encaixou as ações dos gatinhos a minha letra.

Você realmente tem um bocado de músicas de gatos - “I am a cat”, “Catnip dream”, “Giant kitty”, “Riding on the rocket” e agora “Like a cat”. O que há sobre os gatos que faz com que você queira escrever músicas sobre eles?
Hum, eu só gosto de gatos. Cães às vezes são muito diligentes, mas os gatos são tão livres…

E é claro que não seria um álbum do Shonen Knife sem músicas de comida. Desta vez cada membro da banda canta uma canção de comida; a sua é sobre biscoitos da sorte.
Sim. Gosto de comer biscoitos da sorte depois de comida chinesa quando estamos nos EUA e eu pesquisei online e descobri que eles na verdade foram inventados no Japão. A origem estava em Kioto, onde existe um templo famoso chamado Fushimi Inari, e ao redor do templo tem algumas lojas vendendo biscoitos da sorte. Há muito tempo atrás, uma pessoa japonesa veio para os EUA e ensinou a receita para alguns sino-americanos, e eles começaram a servir biscoitos da sorte em restaurantes chineses. Eu achei que era divertido.

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A baixista de vocês, Ritsuko, canta a música “Ramen Rock”. No Reino Unido, sempre vamos atrás de um kebab depois de um show de rock, mas no Japão é o lamen. Este é o porquê de vocês escreverem um rock do lamen?
Sim. O lamen é muito popular no Japão, e está começando a ficar popular nos EUA e na Inglaterra também. Ritsuko sempre come lamen depois de um show, então escrevi uma música pra ela. Ela ama o lamen Tenka Ippin, que é muito grosso, tipo spaghetti carbonara [risos].

Há muito tempo atrás, a Shonen Knife tinha uma canção sobre “Gyoza”, que é o acompanhamento natural do lamen – vocês deveriam tocar essas músicas juntas.
Na verdade já fizemos isso: nós tocamos a música do lamen e a do gyoza juntas em Tóquio no mês passado.

A baterista de vocês, Emi, canta uma canção no álbum sobre comida com sabor de chá verde. No Japão você pode conseguir qualquer coisa com sabor de matcha (chá verde) – sorvete, bolos, lattes…
Sim, e Kit Kat também. Depois que escrevi a música, quis que Emi a cantasse, porque ela é de Kioto, cidade bem famosa por seu chá verde. Acho que a canção combina muito bem com Emi.

Você falou sobre seu amor pelo tênis por muitos anos, mas “Jet Shot” é a primeira vez que você escreve uma música sobre isso, certo?
Acho que sim. Queria escrever uma música sobre tênis há muito tempo, mas sempre achei que o esporte fosse um tópico distante da música. Mas estava assistindo uma partida de tênis na TV e quando Kei Nishikori acertou a bola, o narrador disse, “Wow, what a great jet shot!” (Uau, que bela jogada foguete!) Achei que aquilo soou legal, então decidi finalmente escrever minha canção sobre tênis. E como diz na letra, sou uma jogadora passiva e quero ser mais agressiva. É sobre como você nunca deve desistir.

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A Shonen Knife começou a excursionar no exterior há 25 anos, em 1989, e agora vocês estão 25 anos mais velhas e ainda excursionando. A sensação é diferente?
Hum… As performances ao vivo são praticamente as mesmas, mas o entorno do show é diferente. Há 25 anos atrás não tínhamos a Internet, e as ligações internacionais eram muito caras, então eu costumava trocar correspondência (com promoters), e quando fomos pros EUA em 1989, não sabia que tipo de gente tinha nos convidado, ou mesmo se viriam nos encontrar no aeroporto ou não. Apenas comprei minha passagem de avião e usei meu dinheiro das férias, e foi uma grande aventura pra mim. Mas hoje em dia posso dizer quem são essas pessoas através do website ou do Facebook delas, e tudo se tornou mais fácil.

E quando vocês estão na estrada? Vocês se divertem menos ou gastam menos tempo visitando os pontos turísticos agora? A maneira como vocês gastam o tempo de vocês fora do palco mudou com o passar dos anos?
Depende da agenda. No começo dos anos 90, estávamos numa grande gravadora e tínhamos shows quase todos os dias, então era uma agenda bem apertada. E quando excursionamos pelos EUA recentemente a agenda também foi bem apertada, porque as cidades são muito, muito distantes umas das outras, então não há tempo pra ver pontos turísticos. Mas numa turnê europeia as distâncias não são tão grandes, e temos tempo pra bater perna. Ano passado fui ao museu Dick Bruna na Holanda e fui à London Eye (roda gigante na capital britânica) de noite, então eu tinha algum tempo livre. Também entrei no Palácio de Buckingham.

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Sério? A Rainha Elizabeth é uma fã de Shonen Knife?
Eu acho que não!

Sempre que viajo pro exterior, a melhor parte em visitar outro país sempre é a comida. Sempre engordo quando viajo de férias ou quando volto pra Inglaterra. Como uma banda obcecada por culinária, deve ser perigoso fazer uma turnê.
Em turnês pela Europa, tudo é delicioso. Amo queijos e pães, e essas coisas são particularmente deliciosas na Europa. Costumava pensarque a comida japonesa era a melhor, mas depois que fui pra Espanha, a minha opinião mudou. O país mais saboroso no mundo é a Espanha. As tapas, tudo na Espanha é bom. Também gosto de chocolate da Suíça, Alemanha, Bélgica… O chocolate europeu é melhor que o japonês. E os biscoitos na Inglaterra são muito bons, como os shortbread e os McVitie's. Então sempre ganho peso quando excursionamos pela Europa.

E como vocês lidam com as porções absurdas nos Estados Unidos?
As porções são muito grandes! Mas nos EUA é quase sempre difícil achar restaurantes na distância de uma caminhada; você precisa dirigir. Então vez em quando não tenho a chance de comer depois do show, porque terminamos bem tarde e os restaurantes são bem distantes. Então na verdade eu perco um quilo quando excursionamos por lá.

Você devia ter uma coluna no novo site de comida da VICE, Munchies. Você iria amar.
O que é isso? Queijo? Um tipo de queijo?

Não, Munchies – tipo quando você tem desejos por junk food quando tá chapado ou bêbado. Você sabe como a VICE é.
[Risos] Sim, costumava enviar minhas receitas pra inclusão em livros de receita n – um livro de receitas de doces e um outro de receitas por roqueiros. Acho que era uma receita de okonomiyaki (uma espécie de panqueca japonesa). Tenho que fazer uma receita estranha pro Munchies também!

Daniel mora no Japão e gostamos muito dele, muito embora nunca o tenhamos encontrado. Ah, a Internet. Siga-o no Twitter - @ItCameFromJapan