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Música

Esse Cara É um Ciborgue Legalmente Reconhecido que Consegue Ouvir Cores

A dez anos atrás, este cara consquistou as cores através de fones de ouvido e uma webcam, e hoje ele implantou esta tecnologia em seu próprio corpo.

Neil Harbisson, um artista que nasceu cego para cores, não consegue reconhecer a diferença entre cinza ou azul. Isto é um problema; seu trabalho gira em torno de criar harmonia entre cores primárias e terciárias e ele quis encontrar um jeito. Então, enquanto estuda na Plymouth University, no Reino Unido, ele desenvolveu um software que associa cores com diferentes sons e o inseriu em sua cabeça, perfurando-a.

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O software é chamado eyeborg e está afixado ao crânio de Neil, fazendo dele o primeiro ciborgue reconhecido legalmente. O eyeborg inclui uma câmera que capta cores e as comunica como um tom musical a seu cérebro, e funções de wi-fi e Bluetooth que permitem que o eyeborg funcione sem fios. Agora, dez anos depois, ele pode ouvir cores.

Falamos com Neil sobre a evolução do eyeborg, captação de cores não descobertas e porque perfurar o seu crânio pode ser uma escolha bem sacada.

Noisey: O que é o eyeborg?
Neil: É uma antena que capta cores e as envia pro fundo da minha cabeça. Tenho uma entrada em meu crânio que me permite ouvir as frequências das cores através de condução óssea.

Como era a vida antes de você ter construído o aparelho?
Ver tudo em tons de cinza sempre tinha sido normal pra mim até quando me disseram que não podia ver as cores. O projeto começou porque eu quis encontrar uma maneira de percebê-las.

Como saber que não conseguia visualizar as cores completamente teve impacto na tua vida?
Eu sentia como se houvesse um bocado de informação que eu estava perdendo porque a cor é usada como um código para descrever as coisas cotidianas; eu era lembrado constantemente que perdia essa camada de vida. Em alguns casos, isso fez com que eu me sentisse socialmente excluído por não entender muitas das coisas que as pessoas estavam dizendo. Se alguém me perguntasse se eu tinha visto um homem com olhos azuis e cabelo castanho, eu não saberia. Isso fazia me sentir desconectado das outras pessoas.

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Certo, e como você começou a tornar seu corpo em um ciborgue?
Isto começou originalmente como um projeto de arte na Plymouth University com Adam Montandon. Ele estava estudando cibernética e eu estava estudando música. Ele deu uma palestra sobre como a tecnologia poderia ser usada de maneiras diferentes e logo após conversei com ele sobre iniciar um projeto para estender meus sentidos. Em 2004, fui conectado a um computador e sua webcam com um par de fones de ouvido. O software conseguiu captar vinte e cinco cores e então interpretá-las como tons. Mais tarde tentei encontrar outras pessoas para desenvolver o sensor para captar mais cores. Pelos últimos dez anos eu estive colaborando com pessoas para aperfeiçoá-lo até o ponto em que ele agora é uma parte do corpo.

Como você descreveria as vibrações do eyeborg à medida em que chegam pra você?
Quando escuto coisas através da antena é como se meu cérebro estivesse criando sons. Depende da frequência da vibração; a cor ultravioleta tem uma frequência alta, então consigo realmente sentir a vibração daquela cor, enquanto o infravermelho é diferente por ser uma frequência bem baixa.

Como o aparelho afetou a sua vida?
Ele faz me sentir mais perto da natureza e de outras espécies de animais, porque eu percebo cores infravermelhas e ultravioletas, que somente insetos e outros animais conseguem interpretar. Ouvir através de condução óssea me faz mais próximo de baleias e golfinhos porque eles também percebem o som desta maneira. O fato de eu ter uma antena também me faz sentir mais próximo de insetos que têm antenas. Com esta tecnologia em meu corpo não me sinto mais próximo dos robôs, me sinto mais próximo dos animais.

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Isso parece muito louco! Como isso tem afetado a sua arte?
Pra mim não há diferença entre som e visão, é apenas uma união entre o que escuto e vejo. Se eu escuto música ou componho música, cada nota se parece com uma resposta ou percepção das cores. Eu realmente não consigo compor música sem pensar em cor. Quando eu pinto, eu combino cors e sons, então não há separação entre a arte visual e a música.

Seu treinamento musical te ajudou a lembrar de todas as frequências das cores?
Meu treinamento nunca se estendeu a ponto de diferenciar frequências de maneira tão precisa. A cor tem 360 notas em uma oitava, enquanto a música tem apenas doze notas em uma oitava. Eu tive que começar a treinar no momento em que comecei a usar o software. Levei três anos pra memorizar todos os microtons.

O que vem a seguir para o eyeborg? Você vai aprimorá-lo?
Estamos tentando conectar um telefone funcional na minha cabeça, mas ainda há algumas coisas para serem melhoradas. O objetivo último é explorar o uso do bluetooth e do wi-fi para que eu possa ter conexão de internet e realizar chamadas telefônicas conduzidas aos meus ossos usando a antena. Isto também pode ser usado para transmitir cores de qualquer parte do mundo, então se alguém de Nova Iorque quiser me enviar cores da Times Square, eles podem simplesmente se conectar a minha cabeça e enviar as cores diretamente ao meu crânio.

Você é incrível. Obrigado, Neil.

Dan está no Twitter. Siga-o - @KeenDang.