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Música

Que Popstar Cínico Deu a Desculpa Mais Esfarrapada?

As estrelas pop ficam inventando moda e se desculpando por qualquer coisa, o que nos faz pensar que eles não estão arrependidos mesmo.

As estrelas da música pop costumavam se envolver com todo o tipo de modinha — cocaína, MDMA e a boa e velha heroína. Mas as celebridades de hoje têm um novo passa tempo favorito. E ele se chama pedir desculpas — todo está mundo fazendo. Alguns famosos se desculpam porque cometeram gafes horríveis, pelas quais se sentem muito mal; outros se desculpam por pura simples pressão dos colegas; e alguns ainda misturam suas desculpas com outras atividades perigosas — como persistirem em ser idiotas e racistas. E para piorar as coisas, muitas dessas desculpas não são nem desculpas pra valer; elas estão infestadas de substâncias nocivas como a baboseira, a mentira lavada e a hipocrisia, mas ainda assim parecem puras e cristalinas a olho nu.

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Isso causa dois problemas. Primeiro: se uma celebridade pede desculpas por algo que realmente merece ser desculpado e entende que isso vai fazer bem para a sua imagem, como podemos ter certeza de que ela está realmente arrependida? Ela fez a besteira por um motivo e deveria defender a sua posição. Segundo: por que as celebridades devem se desculpar por cada dedinho que colocam fora da linha? Nós não somos pais de ninguém e eles não nos devem nada.

Nas últimas semanas a epidemia da desculpa atingiu seu ponto mais alto. Vamos dar uma olhada nas celebridades que têm se desculpado e analisar se os seus pedidos de perdão foram realmente necessários e — mais importante, como diria a sua mãe — se foram verdadeiros.

ONE DIRECTION

A infração: O Louis (aquele todo trabalhado no Gel Bozzano) e o Zayn (aquele com cara de que está sempre fazendo um mega esforço pra ler as últimas linhas de um teste de visão) tinham acabado de fazer um show no Peru. Aí eles acenderam um cigarro de palha, que chamaram de baseado (mas que os os sites de fofoca, na tentativa de otimizar seus page views, já chamaram de beck, bagulho, banza, brenfa, tapa na pantera, perna de grilo e afins).

A gravidade do crime: Não é ilegal portar uma pequena quantidade de maconha no Peru; então é mais ou menos tão grave quanto uma foto vazada dos meninos comendo torrada com Bovril em vez de Marmite. No entanto, fui informado por fontes confiáveis da imprensa britânica de que isso pode levar ao uso contínuo de substâncias ilícitas — depois que você prova não consegue mais parar. Muito mais preocupante foi ouvir Louis vomitando termos como “Mary Jane”, “Sílvia” e “apreciando a cultura local”, e a regata especial para fumar maconha de Zayn, com estampa do Bob Marley. Não foi um choque descobrir que o One Direction fuma um beck, mas sim perceber que eles são um pouco menos descolados que os Inbetweeners.

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As desculpas: “Talvez as coisas tenham saído um pouco de curso, e eu peço desculpas por isso. Nós temos apenas vinte e poucos anos, e todo mundo faz besteira nessa idade. Nós todos ainda temos que amadurecer muito, e em circunstâncias muito extremas. Não que isso seja uma desculpa, mas é fato que em algum momento nós vamos decepcionar vocês”.

Numa escala que vai de cruzar todos os dedos da mão e do pé até comprar um buquê de flores razoavelmente apresentável e bater na porta da casa de alguém, o quão sincera foi a desculpa do One Direction: O texto foi publicado no twitter de Liam Payne, membro da banda que não estava envolvido na controvérsia do cigarrinho de artista. Os Estados Unidos ainda são um lugar muito maluco, onde as pessoas ainda reprovam veementemente o uso de drogas e a Miley Cyrus viu as vendas de ingressos de sua turnê despencarem depois de acender unzinho no palco do MTV Awards. Então os rapazes do 1D precisam fazer o que estiver ao seu alcance para manter as pré-adolescentes americanas no transe abobalhado que as faz gastar o dinheiro de seus pais com seus CDs e outras porcarias. Mas o único jeito de fazer esse pedido de desculpas ficar menos sincero seria proferi-lo com uma dose de sarcasmo à Larry David (e sei lá, é provável que tenha sido).

PHARREL

A infração: Pharrel trocou seu característico chapeu da marca Vivianne Westwood por um cocar de índio, e apareceu com o adereço na capa da Elle.

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A gravidade do crime: Eu vou me abster de comentar porque sou homem, branco, hétero e classe média, e vocês são a internet.

As desculpas: “Eu respeito e honro todas as raças, descendências e culturas”, ele disse numa declaração feita ao Buzzfeed. “Eu estou genuinamente arrependido.”

Numa escala que vai do Jonah de Summer Hights High a ter que cantar “Happy” por 72 horas seguidas num quarto escuro como castigo, o quão sincera foram as desculpas de Pharrel: Ele usou o Buzzfeed para fazer o anúncio. Vamos cair na real.

JACK WHITE

A infração: Jack White já falou merda de muita gente. Num email que vazou — ano passado — ele chama um dos membros do Black Keys de babaca imitador. Depois ele repetiu suas declarações sobre o Black Keys num perfil na Rolling Stone. Ele também já disse que Adele, Duffy e Lana Del Rey são, basicamente, cópias de Amy Winehouse. Em outra ocasião Jack já falou umas merdas sobre Meg White. Ele também odeia um monte de outras coisas, como celulares com câmera, filhotes de cachorro e qualquer coisa que pareça divertida.

A gravidade do crime: Não é crime ter uma opinião, caso contrário todo mundo que tem um ask.fm teria que ir preso. Mas por que Jack White está se desculpando por coisas em que ele acredita e se deu ao trabalho de dizer?

As desculpas: É basicamente um artigo acadêmico de mil palavras, que, se você quiser se dar o trabalho, está hospedado em seu site: Jack White III. Em alguns trechos ele até se desculpa, mas em grande parte ele apenas joga a culpa de suas opiniões em “advogados”, “estranhos” e “revistas de fofoca”, em vez de assumi-la.

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Numa escala que vai de murmurar umas desculpas bem rapidinho a se voluntariar para desaparecer da face da terra, o quão sincera foram as desculpas de Jack White: Não muito. Jack alega que suas opiniões foram forçadas pelas perguntas capiciosas dos jornalistas, o que é estranho, porque — acho eu — ele compareceu às entrevistas, abriu a boca e disse as coisas de livre e espontânea vontade. Seu pedido de desculpas começa com uma frase que diz mais ou menos assim: por ter decidido “dar continuidade às atividades planejadas para o restante do ano”, Jack White achou por bem pedir desculpas a todos. Basicamente, sua desculpa é a versão adulta de todas as desculpas já dadas por crianças para as suas mães, e que são imediatamente seguidas de algum tipo de pedido de favor.

MACKLEMORE

A infração: O rapper Mackelmore usou uma fantasia estereotipada de judeu. O tipo de coisa que você veria em panfletos nazistas ou num show de stand up de Matt Lucas e David Walllians.

A gravidade do crime: Bom, não faz muito sentido para um artista que construiu toda a sua carreira com base no apoio às lutas das minorias subir ao palco com um “look” que endossa estereótipos racistas, tão racistas que mesmo nos anos 60 qualquer plateia teria atacado.

As desculpas: “Eu sempre gostei de me fantasiar e tenho feito isso durante toda a minha carreira. O personagem que eu interpretei na última sexta-feira não tinha uma identidade ou descendência definida. Eu catei um monte de bigodes falsos e barbas e uma peruca que tinha sobrado da nossa recente viagem ao Japão. Parece que os narizes falsos que são vendidos em lojas de fantasia geralmente são bem grandes (tão grandes que o meu nariz nem cabia na maioria deles). Então eu acabei usando um narigão de bruxa. Pessoalmente, eu achei que o visual estava bastante ambíguo, que não parecia nenhum ‘tipo’ específico de pessoa. Foi uma frustração e uma surpresa que um disfarce tenha sido explorado de forma tão sensacionalista, levando à conclusão imediata de que minha fantasia era antissemita. Me entristece que essa história, ou qualquer escolha minha, seja levada para o lado da negatividade.”

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Numa escala que vai de cagada a cagada, o quão sincera foi a desculpa de Mackelmore: Cagada. É basicamente a mesma coisa que dizer: “olha, eu não queria pintar a minha pele de preto, eu só caí acidentalmente de cara num vidro de graxa de sapato e tinha acabado o sabão lá em casa”. Mas é preciso admirar uma pessoa que tem o estômago de colocar a culpa em você, ou seja, no público, por enxergar antissemitismo em vez dele próprio, o cara vestido de Fagin na versão Goebbleriana de Oliver Twist.

JUSTIN BIEBER

A infração: Aparecer em vídeos antigos cantando músicas e piadas do Ku Klux Kan. Em um dos vídeos, Bieber repete algumas vezes a palavra “nigger” enquanto imita o som de uma serra elétrica; já em outra filmagem, ele substitui uma palavra em uma de suas músicas por “nigger”.

A gravidade do crime: É bem engraçado que depois das prostitutas, das drogas, do excesso de velocidade e das cuspidas nos fãs, que a coisa que possa arruinar a carreira de Bieber tenha acontecido quando ele tinha apenas 14 anos e uma carinha de bebê.

As desculpas: “Quando eu era criança, eu não entendia o poder de algumas palavras, e como elas poderiam ofender as pessoas. Eu achava que tudo bem repetir palavras e piadas maldosas, mas não me dava conta de que isso não era engraçado, e que na verdade as minhas ações estavam perpetuando a ignorância”.

Numa escala que vai de Jeremy Clarkson à Comissão Nacional da Verdade, o quão sincera foi a desculpa de Bieber: Bom…

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Sam Wolfson e Ryan Bassil aguardam você no Twitter.

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Tradução: Luiza Vilela