Foto: Felipe Larozza/VICE
Com 4/20 logo aí, na próxima sexta-feira (20/04, pô), a VICE Brasil, em parceria com a Bem Bolado, resolveu apresentar cinco dias de matérias especiais sobre a situação da legalização no Brasil que batizamos de Semana Canábica. Entre 16 e 20 de abril, nossa coluna Baseado em Fatos apresenta os artigos, culminando com um documentário. Além disso, o endereço vai agrupar todas as nossas informações prévias e futuras sobre o universo da maconha.A tríade principal, quando o assunto é cannabis medicinal no Brasil, liga sociedade, comunidade médica e órgãos regulamentadores como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e o poder legislativo, que permitem a sua liberação com o propósito medicinal.Nos últimos anos, a ANVISA atrela a regulamentação de acordo com a necessidade e demanda da sociedade no uso da maconha medicinal. O órgão, recentemente incluiu a Cannabis Sativa como planta medicinal e permitiu o registro de um medicamento com extrato da Cannabis para o tratamento de esclerose múltipla em adultos. A agência já se mostrou favorável do uso da erva para fins medicinais no país.
A experiência clínica levou o Dr. Ricardo Ferreira, especializado em cirurgia da coluna, a procurar novos meios para diagnosticar seus pacientes em tratamento de dores pós-cirúrgicas, a ter acesso as literaturas e experiências internacionais sobre o uso da maconha na medicina, inclusive na dor crônica, onde atua.O doutor carioca acompanhou casos de outros pacientes que estavam fazendo uso da Cannabis como medicamento, de forma ilegal, cultivo pessoal e até mesmo através do tráfico. “Muitos pacientes encontram um alívio e qualidade de vida, mesmo não tendo controle específico da produção e controle dos canabinóides”, exemplifica.Como em 2015 o THC entrou na normativa da ANVISA que lista as plantas e substâncias sob controle especial no Brasil, Ricardo começou a prescrever àqueles pacientes que tratavam, onde os medicamentos de combate a dor não estavam mais surtindo efeito e mais de 200 pacientes entraram em contato com a Cannabis medicinal.Ferreira aponta que, nesse período de três anos, observou seus pacientes adquirindo o THC através de importação e outros, que não obtiveram êxito sozinhos e utilizaram a Justiça, por habeas corpus, que permitissem a obtenção das sementes e planta para cultivo pessoal.A ABRACE Esperança, da Paraíba, cumpre o papel de vender aos associados o canabidiol produzido pela entidade, além de oferecer gratuitamente aos pacientes incluídos em projetos sociais governamentais, como o Bolsa Família, que são 20% do total de pacientes do instituto.Cassiano Teixeira, diretor executivo da ABRACE, iniciou os trabalhos que deram origem à associação entre 2013 e 2014, por causa de seu irmão, portador de epilepsia de difícil controle. Tudo começou com o cultivo caseiro, produção e distribuição do óleo Esperança (denominado pela ABRACE). Nesses quatro anos, Cassiano relata que seu irmão está com a epilepsia controlada, joga bola, é participativo e menos nervoso. “Ele se libertou do Gardenal, que deixava ele nervoso, sedado, retinha líquidos. Hoje ele tem outra vida”, ressalta.Em 2017, uma liminar permitiu que a associação cultivasse e distribuísse o óleo exclusivamente para seus 151 associados e fins medicinais. Hoje, a associação conta com mais de 800 pacientes de Parkinson, Alzheimer, autismo, microcefalia, esclerose, fibromialgia, entre outros.Três dispensários foram criados, onde os pacientes e familiares podem retirar o óleo nas cidades de João Pessoa, Campina Grande e São Luiz, do Maranhão, com planos de expansão para Campinas, em São Paulo, pensada na distribuição e logística dos Correios, para entrega do material à outras localidades. Para 2019, o planos é legalizar junto à Justiça, o cultivo da maconha num terreno em Campina Grande e criar um novo laboratório para entender o consumo dentro e fora do país.“Cada vez mais a literatura, os artigos científicos confirmam a impressão do consultório, na prática”, explica o médico em relação aos efeitos positivos da cannabis no tratamento de pacientes de doenças intratáveis e na redução de dores e crises.Para ele, a crescente discussão em congressos, associações e pesquisas acadêmicas sobre medicamentos, plantação, extração, acesso e uso responsável da erva reflete a importância do uso medicinal da maconha e permite ampliar o conhecimento por todo paísSiga a VICE Brasil no Facebook, Twitter e Instagram.
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A experiência clínica levou o Dr. Ricardo Ferreira, especializado em cirurgia da coluna, a procurar novos meios para diagnosticar seus pacientes em tratamento de dores pós-cirúrgicas, a ter acesso as literaturas e experiências internacionais sobre o uso da maconha na medicina, inclusive na dor crônica, onde atua.
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