FYI.

This story is over 5 years old.

Filmes

'Atômica', uma boa gambiarra pra quem queria uma mulher 007

Filme de ação estrelado por Charlize Theron é previsível, mas cumpre o que promete.
Foto: Divulgação.

Desde que interpretou a personagem Furiosa em Mad Max: Fury Road, era esperado que a atriz Charlize Theron se arriscasse em mais filmes de ação blockbuster. Para a satisfação geral da nação ela não fez feio em Atômica, filme de espionagem que estreia amanhã nos cinemas brasileiros. Durante quase duas horas de filme, a espiã distribui porrada, quebra ossos de agentes da KGB e também leva uns sopapos muito bem vestida de Dior e com um corte de cabelo milimetricamente intacto e platinado. É como se a La Femme Nikita pegasse o guarda-roupa do James Bond e lutasse numa mistura de John Wick e o Jason Bourne.

Publicidade

O filme não vai decepcionar os fãs de filmes de ação. Cenas de luta realmente muito boas, ultraviolentas e satisfatórias de assistir, a bissexualidade latente da protagonista rendendo umas cenas sensuais padrão e personagens caricatos que ganharam uma certa força por causa do casting variado de coadjuvantes "fixos" de Hollywood.

O enredo poderia ser mais interessante, mas acabou sendo compactado e homogeneizado para dar espaço às sequências de ação. Baseado na graphic novel Coldest City, a história se passa em 1989, dias antes da queda do Muro de Berlim e, consequentemente, marca o último respiro da Guerra Fria. A agente do MI6 Lorrane Broughton é designada para resgatar um ex-agente da Stasi cooptado pelo lado ocidental que possui uma lista de agentes duplos do mundo inteiro disputada a tapa pelas agências de espionagem.

A construção da protagonista Lorraine é um clichê masculino homem-charmoso-misterioso no corpo de uma mulher. A agente consegue beber num gole só um copo cheio de vodca Stolichnaya, fuma cigarros Marlboro sem parar, gosta de mulheres bonitas e é violenta ao extremo com quem entra no seu caminho. Para quem realmente ficou mexido com a impossibilidade de ver uma mulher interpretado o agente 007, Atômica serve como uma boa gambiarra nessa nova era de mulheres empoderadas – ou seja lá que a indústria hollywoodiana pensa ser "empoderamento".

Mesmo com uma trilha sonora empolgante repleta de hits (e cover dos hits) da época, a ambientação não agradou muito. A fotografia forçada de uma Berlim povoada por espiões e jovens punks acabou não convencendo e pareceu anacrônica em alguns momentos. Até o figurino pareceu fora de época.

No entanto, é um filme de ação. E assim como todo filme de ação blockbuster, é uma sopa de estereótipos como os de Lorraine e de russos com cara de poucos amigos. A atuação femme fatale de Theron convenceu e chamou a atenção, mas quem levou mesmo o troféu de canastrão foi o ator James McAvoy na pele do espião "loucão" David Percival. O personagem era tão enfadonho que até o figurino pareceu uma cópia do Brad Pitt em Clube da Luta.

Mesmo a narrativa ter ficado um tanto arrastada para dar espaço às sequências de ação e um plot twist fraco, Atômica prende a atenção e tem muitas chances de se tornar um clássico futuro do Tela Quente daqui alguns anos.

Siga a VICE Brasil no Facebook , Twitter e Instagram.