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Munchies

Dá para ser pobre e vegano

Thallita Flor mora numa favela do Rio e conta como se vira sem comer produtos de origem animal.
Thallita Flor, que escreveu o texto "Como é ser vegana e favelada". Foto: acervo pessoal

Moradora do Caramujo, uma comunidade em Niterói, Região Metropolitana do Rio, Thallita Flor quer mais é que a periferia também deixe de consumir produtos de origem animal. Para a jovem de 22 anos, a imagem dos veganos é elitista, apesar do custo de uma refeição sem produtos animais ser mais em conta. "Dá pra ser pobre e vegano."

Pra ela, quanto mais pobre, geralmente mais vegano a pessoa fica: "Viver dentro da favela e ser vegana pra mim não é caro. Tenho o sacolão, com tudo muito barato, e mercadinho onde compro industrializados. Eu economizo bastante", conta. Thallita entende que há limites, por exemplo, na oferta de produtos de limpeza, ou questões sociais que dificultam o acesso ao veganismo, como a falta de informação, mas, para Thallita, ser vegano não é um estilo de vida para hipster.

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"A maior dificuldade em ser vegana e favelada, sem dúvidas, é a vida fora da favela." — Thallita Flor

"A maior dificuldade em ser vegana e favelada, sem dúvidas, é a vida fora da favela. [Porque] a maioria dos eventos veganos são na Zona Sul. E quando tenho uma graninha extra para tomar uma cerveja, só a batata frita cabe no orçamento ", desabafa.

Pedimos para Thallita fotografar seu cardápio por uma semana para mostrar como mantém seu estilo de vida enquanto se desdobra entre a faculdade de Artes Cênicas da UniRio, na Zona Sul do Rio, a arte da palhaçaria, e seu empreendimento de marmitas veganas, o Banana Buffet.

Terça-feira

Macarrão à bolonhesa vegano. Foto: Thallita Flor

Macarrão ao molho bolonhesa, mas é carne de soja! O quilo [da soja] está em torno de R$12. Bem mais barato e menos cruel. E, após o modo de preparo, ela dobra de tamanho, então rende mil vezes mais que a carne moída de origem animal. E a validade também é muito maior.

Quarta-feira

Arroz, feijão, chuchu, cenoura, repolho e farofa. Ah, teve coentro também. Foto: Thallita Flor

Comi arroz, feijão com chuchu, cenoura e repolho, farofinha de alho e uns raminhos de coentro e salsinha. Tinha um restinho de arroz integral que compro pra cozinhar as marmitas do Banana Buffet. A diferença desse arroz é de R$ 2 mais caro pro branco, que é o que como mais. O feijão estava na geladeira há uma semana, já estava bem velho, aí eu taquei uns legumes e dei uma vidinha nele.

Quinta-feira

Rango no bandeijão da faculdade. Foto: Thallita Flor

Eu comi no bandejão da UniRio. No meu prato tem arroz, feijão, cenoura, vagem e alface. Eles tinham berinjela recheada com carne de soja, mas levava queijo, então eu não comi. A comida não é lá uma das melhores, mas é o bandejão né. Custou R$3, então vale a pena

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Sexta-feira

Estrogonofe de abobrinha. Foto: Thallita Flor

Tinha um tempinho maior pro almoço, então fiz um estrogonofe! Esse foi de abobrinha, que era o que tinha na geladeira. A receita é muito fácil, igual a do estrogonofe tradicional. Tá vermelho assim porque usei ketchup. No lugar do creme de leite de vaca, usei leite de aveia.

Sábado

Arroz, feijão, pepino, tomate, cebola e farofa. Foto: Thallita Flor

Tava na correria! Foi o básico suficiente pra me manter em pé. Arroz e feijão, combinação perfeita: tomate, pepino, cebola e claro, uma farofinha!

Domingo e Segunda-feira

Salgadinho de milho na hora da correria. Foto: Thallita Flor

Eu não almocei nesses dias. Comi um biscoito salgadinho de milho nos dois dias, porque não tive tempo, trabalhei o dia todo. Mas eu evito fazer isso. Foi realmente uma situação que acontece nas vezes que tô bem enrolada com o trabalho.

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