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Música

Música: Sharon Van Etten

Esta Sharon Van Etten é uma espécie de Cat Power para os proustianos.

Tramp
Jagjaguwar
5/10 Como Proust disse, deixem as mulheres bonitas para os homens sem imaginação. Actualizando: homens e mulheres sem imaginação (e sem dinheiro? — polémico). Esta Sharon Van Etten é uma espécie de Cat Power para os proustianos. Enquanto que esta é sexo e diversão por uns tempos, aquela é amor e relação a longo prazo, como quem inventa um jardim de ervas aromáticas (com paciência e, lá está, amor). A miúda tem o seu fascínio, uma sensualidade calma de quem nao tem medo de acordar feia porque sabe que a achamos ainda mais bonita à luz da manha. Uma Winona Ryder de guitarra nas mãos, mas melhor do que esta descrição. Musicalmente, nada disto é propriamente novidade. As canções deste álbum são exactamente o que estava à espera que fossem e há poucos momentos arrebatadores, mas não deixa de ser uma boa banda sonora para apaixonados e chifrudos (não entro em nenhuma das categorias). É, como se adivinha, música de confissões, terapia sonora exposta ao mundo. Canções para se andar de bicicleta em tons de sépia ou para musicar um álbum de fotografias de um bebé. Dá vontade de ser um daqueles jovens adultos que percebe a vida e a quem até invejamos os desgostos. A moça vai estar em Guimarães, lá para o final da semana, no CCVF, e eu não vou. Mas fico torcer em casa. À espera que alguém me faça mal para isto fazer mais sentido.