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Em seu novo filme, Johnny Knoxville pega mais pesado do que em 'Jackass'

“Pensei nas coisas mais doloridas e fiz um filme.”
(E-D) Johnny Knoxville e Eric Manaka em Action Point da Paramount Pictures. Foto: Coco Van Oppens © 2018. Paramount Pictures. Todos os direitos reservados.

É 2018 e estou no telefone com meu herói de infância, Johnny Knoxville. O ousado de 47 anos está falando sobre como seu globo ocular saiu do olho durante a filmagem de seu novo filme, Action Point. “As moças da maquiagem, duas delas, começaram a chorar”, ele ri, lembrando os últimos dias no set. “E eu disse 'Tudo bem, gente, vou ficar bem!' Já fui parar na emergência tantas vezes que todo mundo fica em cima de mim chegando na recepção.”

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Knoxville coescreveu e estrela o filme narrativo pontuado por suas façanhas típicas. que chega aos cinemas em 1º de junho. Em Action Point, Knoxville comanda seu próprio parque de diversões precário para seus amigos loucos da vida real e seu aluno de Jackass Chris Pontius. Como Knoxville conta, o filme “Não tem cortes nas cenas de ação”. Durante a produção, Knoxville sofreu concussões, quebrou ossos, teve luxação ocular e muito mais. O que significa que isso é o mais perto que vamos chegar de um novo filme Jackass por enquanto.

Abaixo você assiste o trailer, depois lê uma entrevista exclusiva com Knoxville. Ele falou de tudo, da decoração de seu home office até como é escrever um filme com ajuda de John Altschuler de Silicon Valley, Dave Krinsky e o lendário Mike Judge.

VICE: Onde você está neste exato momento?
Johnny Knoxville: Estou em Los Angeles, Califórnia.

O que você está vendo?
Estou olhando pro me tênis vermelho sujo no chão na minha frente.

Você está em casa?
Não. Estou no meu escritório.

Você tem um escritório? Como ele é?
Bom, meu escritório pessoal é uma zona. Tenho algumas fotos na parede do Evel Knievel carregando uma arma sem camisa, com sua bengala, dinheiro e um relógio dourado numa cama. Acho que a foto foi tirada quando ele estava na Inglaterra. Tenho uma foto do Hunter Thompson atrás de mim, desmaiado na mesa da redação enquanto estava de serviço, com uma maleta escrito “Poon”. No outro escritório tenho vários álbuns ridículos nas prateleiras. Era um escritório de contabilidade antes, então tenho um monte de estantes que preciso encher.

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O que você comeu no café da manhã?
Não sei, acho que ovos com batata. Eles entregam minhas refeições, então não tenho que pensar nisso, e como não gosto de ficar pensando no que vou comer, simplesmente consumo o que tiver na minha frente. Então nem sei te dizer o que comi.

Prático.
Tenho muitas decisões pra tomar todo dia, então gosto de tirar algumas do caminho. Por isso tenho só um par de tênis, duas calças, um estilo de meia, um estilo de cueca. Pra não precisar pensar nisso.

O que você tem agendado pra hoje?
Bom, o trailer de Action Point vai sair, então tenho que fazer algumas apresentações do trailer. Tive que reescrever essas apresentações um pouco, e também estou pesquisando sobre David Allan Coe, porque estamos pensando em fazer um documentário sobre ele com Julien Nitzberg, o cara com quem fiz The Wild and Wonderful Whites of West Virginia. Estou lendo o livro dele, Just for the Record, e mais alguns outros.

É verdade que antes do Furacão Sandy eu te vi andando pelo SoHo com um chapéu de marinheiro?
Tenho um chapéu de marinheiro em cima de uma garrafa de Captain Morgan aqui, não, acho que é uma garrafa de vinho, mas tem um marinheiro de boca aberta com a mão na frente da boca. Então coloquei o chapéu de marinheiro em cima dele. Sabe, eu estou sempre usando chapéu de marinheiro, então não sei se foi antes do Furacão Sandy. É possível.

Que bom que esclarecemos isso. O que você pode me contar sobre esse filme? Quando vocês começaram a filmar? Por que você decidiu fazer Action Point?
Derek Freda, meu sócio, me mandou um documentário sobre o Action Park, um parque temático de Nova Jersey. Era um parque sensacional onde o dono dizia “Não vamos encher o saco das crianças com um monte de regras. Elas sabem se cuidar sozinhas!” E foi o que ele fez. E as pessoas se machucaram pacas. Isso nos inspirou a fazer um filme sobre um parque de diversões perigoso, mas tiramos a história das nossas experiências com Jackass.

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Pensei nas coisas mais doloridas e fiz um filme. E, cara, paguei caro: me machuquei mais nesse filme do que em qualquer coisa que fiz pro Jackass. Todas as façanhas eram reais. Falei pros caras “Olha, vamos fazer tudo de verdade. Sem proteção e sem cortes nas cenas de ação”. Me senti meio mal em pedir isso pra eles, mas eles estavam loucos pra terem uma chance de fazer isso. A energia no set era muito boa.

(E-D) Eleanor Worthington Cox e Johnny Knoxville em Action Point da Paramount Pictures. Foto: Coco Van Oppens © 2018 Paramount Pictures. Todos os direitos reservados.

Por que façanhas de verdade em vez de usar a magia do cinema?
Não estou interessado na magia do cinema. Acho mais legal quando você faz suas próprias maluquices. Nos filmes que produzo, posso fazer minhas próprias coisas. Nos filmes normais eles arranjam dublês pra mim, o que não entendo. Com esse filme eu pude fazer o que eu queria [risos]. A coisa ficou um tanto intensa.

Qual foi seu pior ferimento?
Olha, não sei te dizer. Tive quatro concussões, quebrei a mão, estourei o menisco, machuquei o pescoço… Acho que a pior coisa foi quando voltei do hospital uma noite depois de uma concussão feia. Tinha um pouco de sangue no meu nariz, então fui assoar e aí meu olho saiu do crânio. Entrei em pânico. Eu não sabia o que fazer, então só enfiei ele de volta no lugar, aí liguei para o produtor e disse “Olha, você vai ter que vir me buscar porque meu olho esquerdo saiu da minha cabeça”.

E ele disse “A-hahahaha”. E eu disse “Sério”. Tive que voltar direto pra emergência.

Caralho.
O que aconteceu foi que, sem saber, eu tinha quebrado o osso etmoide do olho. Na verdade não quebrei, eles disseram que ele desapareceu com o impacto, então quando assoei o nariz, soprei ar atrás do olho e ele saiu. Eu não estava esperando por essa.

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Isso nunca tinha acontecido antes?
Nunca. Você não espera uma coisa dessas. Aí eles disseram “OK, talvez você precise de cirurgia, não sabemos ainda, mas de qualquer jeito, não espirre por seis semanas”. Mas eu tenho muitas alergias, então eu disse “Não sei se consigo fazer isso!” [Risos] E o olho saiu de novo uma semana depois! Eu estavam andando com Chris Pontius, que está no filme, e ele disse alguma coisa engraçada. Coloquei os dedos em cima do nariz, ri e soprei, e meu olho pulou pra fora de novo, e eu enfiei ele pra dentro. Não foi tão ruim quanto da primeira vez, mas ainda assim…

Sua visão fica estranha quando seu olho sai da cabeça?
Sim. Fiquei vendo dobrado por um tempo, mas ele se consertou sozinho. Mas a gente ainda tinha dois ou três dias de filmagem, então nos últimos dias eles só podiam filmar o lado direito da minha cara. Eu estava com um tapa-olho de pirata. Tentamos filmar sem mostrá-lo.

Isso afetou a história?
Não dá pra notar; foi só virar a cabeça pro outro lado. Mas se olhar bem de perto numa cena, você vê rapidamente meu olho esquerdo. E não estava bonito.

Como Chris Pontius se envolveu?
Bom, só chamei ele. Escrevi um papel pra ele e depois perguntei que ele queria fazer, e ele disse “Claro”. Eles está incrível no filme. Meu deus, ele é muito engraçado. Mesmo entre as tomadas. Ultimamente ele está obcecado por machados e a história dos machados, então escrevi isso no personagem dele. Entre as tomadas ele ficava fazendo lanças para as moças da maquiagem ou os caras da equipe. Quer dizer, ele fez pelo menos umas 30 lanças pro pessoal enquanto estávamos lá. Acho que ninguém pediu uma lança, mas é o jeitinho dele dizer “Gostei de você”.

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Algum outro cara do Jackass aparece no filme?
Não, só eu e o Pontius, mas o espírito de Jackass está no filme todo. É como se eu e os caras do Jackass tivéssemos um parque de diversões. Um negócio tosco e perigoso.

Por que você gosta tanto de usar maquiagem de velho?
Isso foi decidido depois do fato. Meu personagem é velho, mas como já fizemos Vovô Sem Vergonha, tentamos fazer a maquiagem o mais diferente possível de Irving Zisman. Mas a geografia da minha cara só permite isso até um ponto, mas eu queria fazer uma narrativa passado/presente estilo Princess Bride.

Você já pensou que a razão pra gostar tanto de usar maquiagem de velho é porque você está constantemente testando os limites da sua própria mortalidade?
Não… Não tenho que usar maquiagem pra fazer isso. Mas um pouco de maquiagem sempre ajuda as moças.

Dos os seus atores de ação favoritos, qual você acha que ganharia uma briga?
Uau, não sei. Jackie Chan? Não sei se Buster Keaton gostava de lutar, mas ele era um puta ator de ação. Ele é o ídolo do Jackie Chan. O Stallone sabe brigar. Tenho certeza que o Schwarzennegger daria trabalho. Eu, pessoalmente, sou um zero à esquerda em brigas, então querer que eu escolha um bom lutador é como pedir pra eu te indicar um bom guitarrista: não tenho a menor ideia.

Como você escolheu as façanhas para o filme?
É um filme sobre um parque temático perigoso, então tinha que ser coisas relacionadas com parque de diversões. Então sentei lá e pensei nas piores coisas que você pode fazer consigo mesmo num parque temático. Foi simples assim. Tinha lista enorme.

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Como Mike Judge se envolveu?
Contei a ideia pra ele, depois a gente se reuniu com alguns caras com quem ele trabalha – John Altschuler e Dave Krinsky – e ficamos trocando ideia.

Quanto tempo levou?
Muito tempo. Uns três anos provavelmente. Talvez três e meio. Seis meses pra filmar, seis meses pra editar e o resto do tempo tentando acertar o roteiro.

Qual foi o maior desafio nisso?
Conseguir o tom certo para a história, e tentar fazer o enredo funcionar. Foi o primeiro filme de narrativa que já escrevi, então fiquei uns seis meses tentando consertar tudo no final.

Você pensa em escrever outro?
Sim, me sinto mais confiante agora. Passei muitos meses com medo demais pra começar, e finalmente pensei “Foda-se, tenho que fazer alguma coisa”. É engraçado as coisas de que você tem medo às vezes.

Action Point chega aos cinemas em 1º junho de 2018. Acompanhe as novidades sobre o filme no Facebook, Twitter e Instagram.

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