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Música

O que importa é a história. O novo disco de Frank Ocean e como chegámos até aqui

Depois de Blond, deveríamos começar a repensar esta coisa de promover discos como um acontecimento, pelo menos até ao ano que vem.

Capa de "Blond".

Este artigo foi originalmente publicado na nossa plataforma Noisey Espanha.

Depois de Blond, deveríamos começar a repensar esta coisa de promover discos como um acontecimento, pelo menos até ao ano que vem.

Aparentemente, as estrelas pop assumiram 2016 como o ano oficial do jogo do gato e do rato, editando os seus discos de surpresa depois de fazerem correr mil e um rumores, alterando-os já com o comboio em marcha, ou construindo toda uma estratégia em volta de um hype que tem mais a ver com a forma como o álbum é lançado, do que propriamente com o seu conteúdo. Pensávamos que depois de Life of Pablo a fórmula se esgotaria, mas a gota que fez transbordar o copo foi, na verdade, um disco que nem sequer chegou a existir (pelo menos para já): Boys Don't Cry, de Frank Ocean.

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As notícias começaram a aparecer na imprensa em meados de 2014, quando o artista dizia que já tinha quase concluído o seu próximo disco. As informações foram saindo a conta gotas, até que, um ano depois, o próprio Frank deu nome ao disco e avançou uma data de edição: chamar-se-á Boys Don't Cry e sairá em Julho de 2015. Mas Julho de 2015 chegou e o disco não apareceu em qualquer sítio.

A partir dessa altura, os rumores nunca mais cessaram. Disse-se que SebastiAn estaria a produzir duas canções, que Hudson Mohawke teria uma pasta no seu escritório com o nome "frank o0000oocean" e que Holly Herndon teria outra intitulada "Beats 4 FOcean", Chance The Rapper e James Blake dizem, entretanto, que o que já ouviram é do caraças, que se calhar Lil B apareceria no disco e Rich The Kid também, que sairia como uma revista e, claro, foram sendo avançadas mais datas que nunca se concretizaram.

Há uns dias, Ocean publicava Endless, um disco surpresa que vinha acompanhado de uma nova data para o álbum de que estávamos à espera. Iria aparecer a qualquer momento durante o fim-de-semana passado. Muito bem Frank, mas por esta altura já não vamos estar a carregar em F5 o dia todo.

Fomos à praia, demos um salto às festividades locais, embebedámo-nos pelas ruas. Quando regressámos, A COISA TINHA ACONTECIDO. Finalmente Boys Don't Cry era editado, só que agora chamava-se Blond e, de repente, estava em todo o lado. Nada que não seja Frank Ocean tem hoje um mínimo espaço nas nossas vidas.

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O primeiro vídeo de "Blond"

Depois de duas audições, o disco soa um bocado macio demais. Tem canções fabulosas - numa primeira escuta adoro "Solo", "Pink + White", "Sigfried", e "Godspeed" - e outras demasiado sentimentais. Era mesmo necessário tanta guitarra em primeiro plano? No entanto, e sobretudo, isso é uma sensação que trespassa todo o disco e ao que soa é, neste caso, o menos.

O que importa é a narrativa do lançamento, que faz com que esqueçamos as canções que editou apenas três dias antes e que, possivelmente, arrasta o mesmo disco para essa mesma dinâmica, o que nos deixa à espera do mistério seguinte, da próxima surpresa.

Por agora é possível que hoje o ouçamos mais uma vez e que acabemos a semana a fazer o mesmo. Oxalá o disco nos dure mais do que toda esta promoção. O contrário seria bastante decepcionante.

Ouve Blond aqui: