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Música

Carnage Não Quer Que Você Goze Ainda

O DJ e produtor fala muito palavrão, discute sua ascensão meteórica, faz mistério sobre os planos para o futuro e é tão confiante que só nos restou acreditar que ele é realmente muito foda.
O DJ/produtor se arrumando nos bastidores do novo vídeo dele.

Carnage está sentado no escritório da VICE em Williamsburg usando óculos escuros e um moletom tie-dye escrito "Chipotle Gang". Ele é um cara grande que se senta como uma pedra, exalando uma confiança tranquila e relaxada. Acabamos de assistir ao clipe do novo single, "Bricks", produzido com o trio de rap de Atlanta Migos, conhecido pelos sucessos de 2013 "Hannah Montana" e "Versace".

O vídeo é basicamente os Migos usando correntes de ouro e fazendo cara de mau em uma grande angular, entremeado com cenas de sósias de Kim Kardashian sorvendo champanhe num iate alugado. Carnage está lá também, tranquilão como se fosse um Totoro do festival trap.

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Em uma cena ele está alimentando um bebê urso marrom com uma mamadeira de leite. Em outra, ele tira uma onda sentado num deck de barco rodeado por garotas. O single é o primeiro de seu álbum de estreia, o qual "vai ser muito aleatório pra caralho", ele me diz.

"Eu tenho uma música russa com a qual estou realmente empolgado. É uma música pra twerkar", ele diz, listando todas as reviravoltas que está planejando para o LP. "Eu posso até fazer uma música com Rick Ross e Tiësto, com participação de Dash Berlin – incluindo Jake Bud. Ou imagine uma gravação de Erick Morillo com Carnage e Future, tipo uma parada doente. Tô fazendo isso".

Carnage, sendo o padrinho do emergente gênero de EDM conhecido como festival trap e um artista número 1 na parada house da Beatport, está numa posição interessante do cenário musical de 2014. Ele produziu batidas para rappers como Bodega Bamz, Theopilus London, A$AP Rocky e Riff Raff. Essas credenciais de gêneros distintos o permitiram unir uma lista banal de superstars que de outra maneira jamais apareceriam na mesma sala, que dirá no mesmo álbum.

"Posso acordar um dia e querer fazer um álbum bem pop", ele diz do seu distúrbio de déficit de atenção musical. "Se eu quiser fazer algo hard ou trap – o que seja, não sou da dance music, então tenho um olhar diferente – olho pra tudo de maneira diferente. Tenho uma atitude que busca a vitória: se você não for o melhor, então por que fazê-lo? As pessoas neste mundo não estão acostumadas com isso".

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Sua postura em relação à dance music é complementada por uma grande habilidade em gestão de marcas. A Chipotle Gang que ele representa durante nossa entrevista é uma panelinha internacional de DJs, produtores, amigos e fãs que amam os burritos Chipotle, mas mais importante, são legais o suficiente pra andar com o Carnage. Ele é um mestre dos memes também, e #ChipotleGang é um movimento que qualquer um com uma conta de Instagram quer fazer parte – tanto que isso garantiu a ele um suprimento vitalício de Chipotle grátis.

O próprio festival trap é um rótulo que ele dominou com maestria em mixes de Soundcloud em 2012, usado para descrever o casamento de sons EDM com sujeiras de sintetizador TR-808. Entre essas duas estratégias e sua postura "tô pouco me fudendo" no Facebook, Carnage monopolizou a arte de se vender como um DJ em 2014 – e está valendo a pena.

"Em Nova York, esgotei os ingressos do Terminal 5 em um dia", ele relata – nem tanto se vangloriando, mas simplesmente maravilhado com a sua própria ascensão meteórica aos holofotes. "Os ingressos esgotaram no Echostage, e são 3.800 pessoas. Nenhum outro artista está fazendo isso no meu universo".

Não faz nem dois anos, ele me diz, lotar uma casa de 400 pessoas em Washington, DC parecia um feito extraordinário. "No começo não havia qualquer equipe grande por trás da gente", ele diz, descrevendo essas primeiras apresentações. "Era eu, meu computador, meu empresário e meu agente". E quando o Carnage começou a bombar no mundo do EDM, vários agentes o desprezaram. "Nós dissemos a eles, 'yo, algo grande vai acontecer', e eles nos desprezaram. Agora todos eles se arrependem".

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Agora, ele está tocando em todos os grandes festivais internacionais, tem sua própria residência Carnage in Black & White no Marquee de Las Vegas, e vai ser o "primeiro cara trap em Ibiza" – embora ele não me ofereça quaisquer outros detalhes sobre isso. No fim do ano, ele levará o show Carnage pra estrada numa turnê norte-americana que divulgará seu álbum.

"A turnê vai destruir todas as outras, porque eu terei um ônibus com um visual legal, com minha cara nele", ele diz, maquinando. "Ou só uma foto minha numa banheira, esfregando minha barriga e tal, uma parada sexy. Por que não? Ninguém tá fazendo isso". Eu o perguntei quem poderia estar se unindo a ele na turnê, e ele me disse pra ser paciente. "Não quero desperdiçar isso – não quero te fazer gozar ainda… sem viadagem".

Não há como negar que o Carnage está com a faca e o queijo na mão: o single com os Migos pode levar o nome dele às paradas do Top 40 (uma das raras ocasiões no mundo hip-hop onde o produtor recebe tanto crédito quando o rapper), e, ao mesmo tempo, a carreira EDM dele o está levando pros destinos festivos mais luxuosos do mundo.

"Eu fiz o Future Music Festival este ano em Melbourne e foi mó vibe", ele relata. "Tinha as garotas mais gostosas do rolê, e elas adoram caras negros americanos". E mais, "tem cangurus, coalas, e comida asiática boa", ele completa, revelando um lado mais suave – algo que você pode perceber quando você o vir apertar aquele bebê urso marrom no clipe.

"Me sinto abençoado", ele diz, e depois para por um momento. "Não sei. É estranho. Óbvio que, esse é o seu pior pesadelo, ter tudo nas mãos e depois perder", ele admite.

A estrela em ascensão não está descansando nos próprios louros, e o plano que ele tem para a dominação mundial é simples: apenas vai manter a cadência. "Se isso continuar subindo – e não num ritmo louco – mas se continuar indo e indo e indo, daí você tem um produto vencedor, e é tudo relacionado ao produto. Então, o produto é um álbum impressionante que está prestes a sair". Ele diz com tanta confiança que não há nada que eu possa fazer além de acreditar nele.

Max Pearl ama o Carnage… sem viadagem. @MaxPearl