Foto: Agência Brasil.O segundo turno das eleições municipais do Brasil em 2016 chegou ao fim sem grandes surpresas. Registrou poucas viradas – talvez a mais significativa em Belo Horizonte – e serviu para fechar algumas tampas, como a do PT, que perdeu definitivamente o longo controle do ABC paulista quando Carlos Grana perdeu em Santo André com apenas 21,79% dos votos. Por outro lado, perdeu Santa Maria (RS) para os tucanos por apenas 226 votos. Além disso, o partido perdeu todas as outras cinco cidades onde disputava o segundo turno.
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Já o PSDB, por sua vez, venceu 14 prefeituras entra as 19 das quais disputava o segundo turno. O mais pesado revés foi em Belo Horizonte, onde João Leite, candidato apoiado pelo presidente do partido, o senador Aécio Neves, perdeu para o empresário Alexandre Kalil (PHS) de virada. O PMDB, por sua vez, que não havia ido nem para o segundo turno no Rio, desde 2006 seu principal reduto, acabou abocanhando nove cidades.O segundo turno serviu para acenar com uma nova composição nacional de forças que, para além dos tucanos, não necessariamente aponta para a esquerda ou direita. A disputa no Rio de Janeiro foi histórica, qualquer resultado que tivesse. Acabou com a previsível vitória de Marcelo Crivella (PRB), bispo licenciado da Igreja Universal. Ele disputava a prefeitura contra o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) – nem o PRB, ligado à Universal, nem o PSOL, dissidência à esquerda do PT, haviam conquistado um orçamento tão grande até então. O segundo turno carioca foi sinistro, com tretas e acusações trocadas de parte a parte, incluindo uma foto de Crivella preso em 1990 na capa da revista Veja – ele chegou a obter na justiça direito de resposta contra a revista da Editora Abril. O bispo, por sua vez, fugiu do embate direto, faltando a debates de TV e também a entrevistas com veículos da Rede Globo, principal adversária da Record, também ligada à Universal. Com 59,36% dos votos válidos, Crivella também ganhou entre todos os cortes demográficos do Rio, exceto as elites, segundo a pesquisa de boca de urna do Ibope. Na distribuição geográfica, Freixo levou a parte endinheirada da Zona Sul e o Centro, enquanto Crivella arrebentou nas zonas Norte e Oeste.No Nordeste as forças políticas continuaram a se agregar. Geraldo Julio (PSB), herdeiro político de Eduardo Campos, se reelegeu com folga frente ao petista João Paulo no Recife (PE). Ciro Gomes (PDT), pré-candidato do partido à presidência em 2018, emplacou Roberto Claudio (PDT) na prefeitura de Fortaleza, enquanto Flavio Dino (PCdoB), que já havia derrotado amplamente o monopólio da família Sarney no Maranhão durante o primeiro turno, sagrou-se vencedor também na capital, com Edivaldo Holanda Junior (PDT) na prefeitura de São Luís. Partidos considerados "nanicos" obtiveram também vitórias importantes, como o já mencionado PHS em Belo Horizonte e PMN, que conquistou Curitiba com a eleição do ex-prefeito Rafael Greca.Porém talvez o grande vencedor do segundo turno, como no primeiro, foi a desilusão dos brasileiros com a política institucional, que pode ser medida no amplo leque de abstenções e votos em branco e nulos. No Rio, as abstenções, sozinhas, ultrapassaram os votos de Freixo. Além disso, votos em branco e nulos somaram 20,1% na capital carioca. Em todo o país, a abstenção no segundo turno foi recorde, com 21,6% dos eleitores faltando ao pleito. Os votos inválidos (brancos e nulos) no segundo turno cresceram 54% em relação a 2012, contabilizando 14,3% do total de votos, ou 3,6 milhões. Ou seja, se as eleições de 2016 servem para se prever algo para 2018, é que não vai ser fácil para ninguém.Siga a VICE Brasil noFacebook,TwittereInstagram.