Dá pra virar muitas páginas em 30 dias. E, existem muitas outras revistas no mundo além da VICE. Nossa série Ink Spots é um guia útil de zines, panfletos e publicações que você deveria ver quando não estiver lendo a gente.De dia, Lee Crichton é cabeleireiro em Londres. Mas o fã de longa data da The Face decidiu que queria reviver o espírito da defunta revista clássica de cultura britânica e publicar seu próprio diário fotográfico.
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O resultado é a Collection of Documentaries, uma reunião de trabalhos que exploram a sociedade britânica moderna e desafiam a ideia de "Verdadeira Inglaterra" que as pessoas têm. Através de prosa concisa e fotos cândidas, a revista explora a influência do Reino Unido nas culturas jovens pelo mundo.
Foto por Sonya Kydeeva.Falamos com Lee, o editor, e Adam Evans-Pringle, que faz o design da revista, sobre o projeto e sua firme rejeição à publicidade e às redes sociais.VICE: Como a COD começou? Vocês tiveram problemas com financiamento, certo?
Lee Crichton: Primeiro, meu desejo de criar minha própria revista veio do meu amor por segurar uma publicação impressa. Depois de ver o mundo ficar tão obcecado com redes sociais – e o saturamento da indústria como resultado –, eu realmente queria voltar ao básico.Pensando na cultura rave – na verdadeira cultura rave –, não havia celulares: as pessoas viviam o momento. Hoje em dia, as pessoas estão ocupadas tirando fotos e pensando na melhor legenda quando deveriam estar perdendo o controle. São esses momentos que eu realmente queria celebrar e documentar.
Lee Crichton: Primeiro, meu desejo de criar minha própria revista veio do meu amor por segurar uma publicação impressa. Depois de ver o mundo ficar tão obcecado com redes sociais – e o saturamento da indústria como resultado –, eu realmente queria voltar ao básico.Pensando na cultura rave – na verdadeira cultura rave –, não havia celulares: as pessoas viviam o momento. Hoje em dia, as pessoas estão ocupadas tirando fotos e pensando na melhor legenda quando deveriam estar perdendo o controle. São esses momentos que eu realmente queria celebrar e documentar.
Foto por Sonya Kydeeva.Eu, o Winter [Vandenbrink, o curador fotográfico] e o Adam queríamos criar algo que se destacasse na prateleira. Quanto ao financiamento, óbvio que a natureza da coisa impressa é mais cara e menos acessível; por isso, a internet parece uma opção mais óbvia hoje. Tínhamos financiamento potencial de outra pessoa que desistiu na última hora; então, só vou dizer que cortei muito cabelo! Mas valeu a pena. E espero ter mais abertura quando fizermos a segunda edição.
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Foto por Sonya Kydeeva.O que inspirou vocês a fazerem a revista?É uma revista britânica – não há muito além disso. Sendo um britânico em Londres, sempre me interessei pelas muitas pessoas criativas que se mudam para cá e de que forma nossa cultura afeta suas cidades e seus jovens enquanto eles crescem – algo que está acontecendo mais que nunca. Nosso curador fotográfico, Winter, é de Amsterdã e vê a Inglaterra por olhos diferentes dos meus, e isso desencadeou muitas ideias interessantes. Foram muitos debates culturais regados a vinho para perceber que nossas diferenças de opinião e pontos de vista poderiam criar algo realmente belo.
O design é muito simples, com muitos espaços negativos. Qual era a ideia aqui?
Adam Evans-Pringle: O espaço em branco numa galeria de arte é tão importante quanto seu conteúdo; então, dirigimos isso para destacar o trabalho. Além disso, devido à diversidade das contribuições, era difícil escolher a foto certa para a capa. Logo, não escolhemos.Como trabalho com publicidade, estou sempre comprometendo a criatividade para propósitos de função e marketing: tentando encaixar tudo em nada, em todo lugar, e geralmente contra minhas recomendações. Então, é legal poder sair desse sufoco e criar beleza minimalista. Começamos a COD para voltar ao básico e produzir algo que as pessoas possam segurar. E foi isso que fizemos.
Adam Evans-Pringle: O espaço em branco numa galeria de arte é tão importante quanto seu conteúdo; então, dirigimos isso para destacar o trabalho. Além disso, devido à diversidade das contribuições, era difícil escolher a foto certa para a capa. Logo, não escolhemos.Como trabalho com publicidade, estou sempre comprometendo a criatividade para propósitos de função e marketing: tentando encaixar tudo em nada, em todo lugar, e geralmente contra minhas recomendações. Então, é legal poder sair desse sufoco e criar beleza minimalista. Começamos a COD para voltar ao básico e produzir algo que as pessoas possam segurar. E foi isso que fizemos.
Por que você escolheram não ter publicidade na revista?
Lee: Isso foi mais uma rebelião que qualquer coisa no começo: as páginas de várias publicações são cheias de propagandas, que, frequentemente, não têm a mínima ligação com o conteúdo da revista – algo a que fazemos referência muito explicitamente com a repetição da mesma imagem no começo da edição um. Claro, sabemos que não vamos sobreviver em futuras edições sem ajuda de alguma publicidade; então, não é algo que estamos rejeitando totalmente.
Lee: Isso foi mais uma rebelião que qualquer coisa no começo: as páginas de várias publicações são cheias de propagandas, que, frequentemente, não têm a mínima ligação com o conteúdo da revista – algo a que fazemos referência muito explicitamente com a repetição da mesma imagem no começo da edição um. Claro, sabemos que não vamos sobreviver em futuras edições sem ajuda de alguma publicidade; então, não é algo que estamos rejeitando totalmente.
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Fotos por Stuart Griffiths.Para quem é a revista? Há um público-alvo?
Lee: Não queremos selecionar ninguém – o conteúdo da COD é tão vasto que seria difícil apontar um público específico. Somos uma comunidade no modo como construímos a revista: é algo que queremos que seja descoberto e explorado. A coisa mais interessante da falta de presença online é que fica difícil se dirigir a um tipo particular de pessoa – fora a influência dos locais de venda –, o que significa que confiamos solenemente no boca-a-boca ou em fontes secundárias para espalhar o trabalho. Então, o mais provável é que não vamos ter a menor ideia de quem está lendo a revista.Como vocês entraram em contato com os contribuidores?
Isso foi mais o trabalho do Winter. Como é fotógrafo, ele tem ligações com novos talentos por toda a Europa. Ele foi a fonte dos fotógrafos, e eu fui a fonte da escrita.
Lee: Não queremos selecionar ninguém – o conteúdo da COD é tão vasto que seria difícil apontar um público específico. Somos uma comunidade no modo como construímos a revista: é algo que queremos que seja descoberto e explorado. A coisa mais interessante da falta de presença online é que fica difícil se dirigir a um tipo particular de pessoa – fora a influência dos locais de venda –, o que significa que confiamos solenemente no boca-a-boca ou em fontes secundárias para espalhar o trabalho. Então, o mais provável é que não vamos ter a menor ideia de quem está lendo a revista.Como vocês entraram em contato com os contribuidores?
Isso foi mais o trabalho do Winter. Como é fotógrafo, ele tem ligações com novos talentos por toda a Europa. Ele foi a fonte dos fotógrafos, e eu fui a fonte da escrita.
Foto por Winter Vandenbrink, originalmente para a revistaGRIT.Folheando o livro, senti que o tema predominante era a perda da inocência. Isso foi intencional, ou havia outra mensagem que vocês queriam transmitir?
Foi meio que uma progressão natural. O elemento cru de tudo isso era que o sumário era muito indefinido. O tema que você mencionou é um comentário cultural, resultado da visão dos nossos contribuidores sobre a cultura britânica. Acrescentamos a isso uma falta de edição, especialmente na escrita do Stuart. Isso emana inocência, porque a escrita dele tem uma qualidade muito infantil, no melhor dos sentidos. E isso era algo que não queríamos disfarçar.
Foi meio que uma progressão natural. O elemento cru de tudo isso era que o sumário era muito indefinido. O tema que você mencionou é um comentário cultural, resultado da visão dos nossos contribuidores sobre a cultura britânica. Acrescentamos a isso uma falta de edição, especialmente na escrita do Stuart. Isso emana inocência, porque a escrita dele tem uma qualidade muito infantil, no melhor dos sentidos. E isso era algo que não queríamos disfarçar.
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Foto por Winter Vandenbrink.Qual sua coleção favorita na revista? E por quê? Vocês têm fotos favoritas?
Acho que a Sonya é com quem mais me identifico, talvez porque seja a conexão mais obviamente britânica, e porque isso me lembra da cultura do futebol dos anos 80, algo que sempre me fascinou visualmente.Minha foto favorita é esta do Winter (acima). Quando vi pela primeira vez, isso me lembrou de mim mesmo: aquela sensação de quando você é garoto e compra uma peça esportiva que queria muito. Para mim, foi uma calça de agasalho brilhante da Adidas; para ele, é essa camisa. Acho que a inocência se destaca de novo. Ele, o garoto, não vai ser assim para sempre.Quais são seus planos para o próximo trabalho?
Eu e o Winter estamos montando a edição dois enquanto falamos. A edição um vai chegar às prateleiras do mundo em março; a edição dois, em setembro; e a mesma coisa nos anos seguintes. É uma questão de levar a COD ao próximo nível: envolver as pessoas certas, mas mantendo isso um nicho.Veja mais imagens da COD abaixo.Tradução: Marina Schnoor
Acho que a Sonya é com quem mais me identifico, talvez porque seja a conexão mais obviamente britânica, e porque isso me lembra da cultura do futebol dos anos 80, algo que sempre me fascinou visualmente.Minha foto favorita é esta do Winter (acima). Quando vi pela primeira vez, isso me lembrou de mim mesmo: aquela sensação de quando você é garoto e compra uma peça esportiva que queria muito. Para mim, foi uma calça de agasalho brilhante da Adidas; para ele, é essa camisa. Acho que a inocência se destaca de novo. Ele, o garoto, não vai ser assim para sempre.Quais são seus planos para o próximo trabalho?
Eu e o Winter estamos montando a edição dois enquanto falamos. A edição um vai chegar às prateleiras do mundo em março; a edição dois, em setembro; e a mesma coisa nos anos seguintes. É uma questão de levar a COD ao próximo nível: envolver as pessoas certas, mas mantendo isso um nicho.Veja mais imagens da COD abaixo.Tradução: Marina Schnoor