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Filme

Nos Bastidores com Johnny Knoxville

Entrevista por Jesse Pearson; Fotos por Sean Cliver.

Vice: Faz quatro anos desdeJackass 2. Vocês sempre souberam que fariam um terceiro filme ou a coisa ficou no ar por um tempo?
Johnny Knoxville:Totalmente no ar. Todo mundo, todos os caras, queriam fazer, menos eu. Não achava que a gente precisava, ou eu precisava, fazer mais um. Imagino que deva levar um tempo para se recuperar das filmagens de umJackass. Você deve ficar detonado.
Sim, mas não é o que passa pela minha cabeça enquanto penso se devo ou não fazer outro. Não sei o que é. Em algum lugar lá no fundo, eu sinto uma urgência enorme. Me pego assistindo um monte de desenhos de Tom & Jerry e filmes do Buster Keaton, e aí vou anotando coisas. E quando vou ver, estou falando “Caralho”. Quero juntar os caras imediatamente e começar a filmar. Com sorte, quando tive essa sensação para o número três, todo mundo estava disposto. Realmente disposto. Prontos para fazer.
Sim, todo mundo estava realmente pronto. É interessante você ter mencionado Buster Keaton porque eu ia perguntar se você pensa no lugar queJackassocupa na história da comédia. Eu penso nele como tendo raízes que vão até ovaudeville.
Sou um grande fã de comédia pastelão e um grande fã de desenhos animados, e de tudo o que eles fazem, sabe, nós tentamos fazer aquelas coisas. Nunca penso emJackassnum contexto histórico, mas agora que você perguntou, sim, espero que esteja na mesma linha de Buster Keaton e Tom & Jerry.Tom & Jerrysão heróis para mim. Isso é incrível, pensar em desenhos como inspirações para cenas da vida real.
Eu sei, emJackass 2,quando fui vendado e atingido por um iaque, isso veio de um desenho do Tom & Jerry. Tom está com uma venda e um touro bate nele. Um clássico.
E acho que não vi isso em um desenho, mas aquela mão gigante noJackass 3... Certo, a mão enorme cheia de pó que bate no Bam.
Sim, mas com certeza tem um quê de desenho animado. Mas não acho que tenha visto em um desenho. Só achei que seria engraçado acertar alguém com uma mão de um metro e meio de comprimento. E é. É engraçado mesmo.
Obrigado. [risos]

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Como é o processo criativo quando você está inventando cenas para um filme novo? Alguns de vocês se sentam e conversam, ou vocês ficam trocando e-mails e telefonemas?
Às vezes, o Jeff [Tremaine, co-criador e diretor deJackass] e eu sentamos no escritório e pensamos nas coisas. Mas, na maioria das vezes, eu trabalho melhor quando levanto antes do meu filho acordar, pelo menos no terceiro filme. Eu acordava algumas horas antes dele e assistia a desenhos ou ficava pensando nisso ou naquilo, ou entrava na Internet para tentar achar uma imagem engraçada que me fizesse pensar: “Posso fazer isso a partir daquilo”. Por exemplo, eu estava na Internet um dia e vi um artista chinês que estava se pintando num cenário… Ah, é, o cara que pinta o corpo todo para combinar com um traba-lho maior de fundo.
Sim, e eu achei incrível! Falei: “Bom, é o princípio de uma ideia para oJackass”. E então pensei: “Não posso simplesmente me pintar em um fundo e, sabe, constranger alguém”. Então tentei pensar em como podia ir além, e foi “Ah, se eu me pintar num painel em uma arena de touros, posso não ser completamente invisível”. Estou olhando essa foto sua agora tipo, sabe, um homem meio arco-íris, meio árvore. Me perguntei onde você estava, porque os seus pés estão na lama. Então você estava em uma arena?
Sim. Estava em uma arena, momentos antes de eles soltarem o touro. Sabe, provavelmente cerca de dois minutos antes. Touros não enxergam cores. Todo mundo diz que os touros odeiam vermelho, mas não é verdade. Eles nem enxergam o vermelho. Eles vão atrás do movimento. Então a ideia era eu ficar imóvel contra o fundo, quando o touro fosse solto e quando ele chegasse perto de mim, eu me mexeria e aí faríamos algumas cenas. O touro passou por mim algumas vezes. Ele corria na minha direção e eu desviava pela lateral do painel. Na terceira vez que fiz isso, ele foi para o lado de trás e eu não percebi. Eu perguntei “Ele está perto?”, e assim que acabei de dizer isso, ele olhou para mim e pareceu dizer “Estou aqui! Estou mais que perto”. Que filho da puta. Aí ele me pegou. O que passa pela sua cabeça em um momento como esse? Imagino que você esqueça do posicionamento das câmeras ou coisas do gênero.
Esqueço da existência das câmeras. Fizemos isso o suficiente para que não seja uma preocupação para mim. Sei que o Jeff e o Dimitry [Elyashkevich, operador de câmera e produtor de longa data doJackass] cuidam disso. Temos a câmera grande devidamente posicionada e também vários caras com camerinhas HD compactas. Bom, eu vou fazer, mas alguém vai filmar. Certo.
Então as câmeras são o que menos me preocupa em momentos assim. Você nunca sabe ao certo o que vai acontecer com um touro. Se eu for atingido enquanto estiver no chão, ele pode pisotear minha cabeça. Mas também filmamos com Gary Leffew, que foi campeão mundial de rodeios nos anos 70. Ele fornece todos os touros. Ele tem os melhores toureiros e touros ótimos—com “ótimos” quero dizer “piores”. Então sei que os toureiros que estão lá vão cuidar de mim se eu cair. É legal isso. Sempre que vocês fazem algo assim, tem especialistas para dar um quê de autenticidade.
E com o Gary Leffew, ele traz sua personalidade. Ele é um cara muito positivo e fala coisas como “Quando você trabalha com touros, tem que ser positivo. Se alguém é negativo, alguém vai se machucar feio”. Se ele entra no set de filmagem e alguém está sendo negativo, essa pessoa tem que ir embora. E nós estamos com ele nisso. Isso foi incorporado pelo elenco também. Mesmo sem o Gary Leffew por perto, se a gente está fazendo uma cena e rola uma energia ruim no ambiente, a gente não grava. Falamos “Dane-se. Vamos fazer outro dia ou simplesmente não fazer”. Parece sensato. E o que você quer dizer com energia ruim? É quando tem alguém meio nervoso, bravo ou assustado?
Sim. Estávamos fazendo uma cena em que íamos descer uma pista enorme em Mammoth Mountain, na Califórnia—maior que um salto de esqui olímpico—, em uma dessas coisas infláveis de festas de criança. Um troço inflável? Casa inflável? Sei, um castelo inflável.
Estávamos lá em cima nos preparando e alguém que estava na mesma montanha—que não tinha nada a ver com a equipe, o elenco nem nada—tinha morrido nos declives naquele dia. E foi um lance muito negativo. Um membro do Donner Party também tinha morrido lá na época. Provavelmente também foi um cemitério indígena em algum momento.
Sim. Então rolaram essas duas coisas. E alguém do elenco, não lembro quem, viu que atrás da casa inflável tinha um gerador de quase 70 quilos que seria arrastado para baixo com a coisa toda atrás de nós, e eu disse “Tá tudo uma merda, acho que não deveríamos fazer”. Isso foi se infiltrando no elenco todo, e não fizemos a cena. Mas se todo mundo quer muito fazer uma cena, nós fazemos.

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OK, agora estou olhando para uma foto sua com uma enorme tigela de consolos.
Ah! Eu estou sorrindo? Está, um sorriso meio forçado.
Sim, isso foi para o fim do filme. Filmamos o começo e o final, como as grandes sequências hollywoodianas.Jackassé tudo menos Hollywood. É muito fundo de quintal. Mas o começo e o final dos filmes sempre são produções de verdade. Então para o filme novo, para a cena final no fim da sequência final, explode um monte de coisa em cima de todo mundo. O Spike [Jonze, co-criador e diretor doJackass], Jeff e eu sentamos pensando “O que deveria explodir em mim?”. E eu soltei: “Que tal uma tigela de paus explodindo na minha cara?” [risos] Eu estava brincando, mas o Spike falou “Isso! Boa ideia!”. Temos a foto da cena também, com o Spike atrás da câmera.
Naquela foto, a tigela de pintos tinha acabado de explodir, mas o Spike e o Jeff—na verdade, a culpa foi mais do Spike—tinham um canhão de ar cheio de consolos a mais ou menos um metro e meio da minha cara. Ele ligou tão forte (eu só fiquei sabendo disso uma semana depois) que arrancou um dos meus dentes de cima. Nossa!
Eu tive que ir ao dentista e contar, sabe, “O que aconteceu com o seu dente?”. “Bem, uma tigela de paus explodiu no meu rosto.” Não era um dente de verdade. Era um implante, com uma coroa. O implante estava lá há seis meses, eles finalmente tinham colocado a coroa, e uma semana depois o Spike estraga tudo com uma tigela de paus.

E essa foto que parece um fim de jogo de futebol americano?
Aquele grandão do meu lado é o Jared Allen, do Minnesota Vikings. Ah, é mesmo! Claro.
Eu tinha uma ideia em que queria pegar um passe correndo pelo meio do campo e um jogador da NFL me acertar enquanto eu estivesse todo esticado. O Jared Allen era perfeito para isso. Ele é engraçado e égrande, cara. Ele bate forte. Ele achou a coisa engraçada, mas estava com um pouco de receio porque, quando ele chegou, eu disse: “Vamos com tudo hoje. Quero que você acabe comigo”. Ele falou “Tudo bem”. Mas um pouco antes de rodarmos ele falou “Cara, não sei não. Não fui criado pra fazer esse tipo de coisa”. [risos] Mas ele deu uma risadinha depois, porque ia fazer. Ele pegou leve no começo ou mandou ver logo de cara?
Ele não pegou nada leve. Fizemos a cena três vezes. Os dois primeiros golpes forammuitofortes, mas, por algum motivo, eu não estava gostando do resultado. Na terceira vez, ele me jogou completamente para fora do enquadramento. Cassete!
E aí ele disse: “Cara, você sabe que eu jogo na defesa, e derrubar é o que eu faço de melhor. Posso atacar você pelo ponto cego?”. E eu falei, “Hum, pode…” Aí ele me derrubou com tudo de novo. Ele enterrou meu capacete no chão de um jeito que fiquei com uns cinco centímetros de grama na parte frontal dele quando levantei. Quando um cara como ele te acerta, é como um acidente de carro, em que você não se lembra muito bem do impacto, ou você ficou bem consciente o tempo todo?
Nas duas primeiras vezes eu estava consciente. A terceira não me nocauteou, mas ficou tudo girando por um tempo. Não fiquei sem ar. Na segunda meu osso esterno não sei como fala… Estava para fora. Levou umas semanas para normalizar. Mas deu tudo certo porque ele levou muito numa boa. Nos divertimos muito. Gosto daquele cara.

Agora estou aqui com uma foto do Steve-O segurando um trompete, com uma espécie de uniforme, sendo atingido no saco por um carneiro…
Isso ficou muito bom. Eu queria ver se a música podia acalmar a fera selvagem. Então o Ryan Dunn e o Steve-O pularam