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Tecnologia

Visite a Distopia Afrofuturista de Kanye Quest 3030

Nós jogamos o indie game Kanye Quest 3030 (de graça e somente para PC, desculpa mac fags).

Se você é do sexo masculino e de uma faixa etária um pouco menor do que a minha, é capaz que já tenha se perguntado: “Rapaz, como será que é ser o Kanye West?”. Se você é um pouco retardado (no bom sentido) talvez já tenha pensado que talvez, assim, só por acaso, não seria interessante jogar um jogo em que você é o Kanye West? Isso se você gasta mais tempo do que uma pessoa comum pensando no Kanye West. Bom, não é exatamente do que trata o recente indie game Kanye Quest 3030 (de graça e somente para PC, desculpa mac fags) mas se você não for desta parcela reduzida da população, ainda assim é capaz de se divertir com esse joguinho. Vamos começar por outro lado, sobre como essa ideia esdrúxula conseguiu chegar a existir.

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Os versos de Deltron Zero resumem bem quem você terá de enfrentar para salvar o futuro.

Quando eu tinha uns 16 anos, mais ou menos, tentei, sem muito sucesso, entrar em um mundo novo, um mundo obsessivo e trabalhoso: o mundo dos usuários de RPG Maker… Acho razoável usar o termo usuário pois ele requer o mesmo empenho, paixão e tempo que um verdadeiro viciado em drogas pesadas precisa para se dedicar de corpo e alma nesse redemoinho muito louco de prazer, ódio e falta de amor próprio. RPG maker é uma ferramenta, não muito simples, para você fazer seu próprio videojogo de RPG no estilo japonês (pense mais num Final Fantasy do que num Dungeons & Dragons). Como toda ferramenta feita para facilitar a produção de um jogo, ela possibilita que mentes mais livres, assim como as mais burrinhas mesmo, possam produzir seu jogo de forma autônoma, nesse caso, aumentando consideravelmente o número de jogos de RPG no estilo japonês produzidos por amadores, algo que nem sempre pode ser algo bom, considerando que a grande maioria deste gênero, até os produzidos por profissionais, são bem chatos, clichés e repetitivos. No entanto, às vezes, um feixe de luz bate na mente de algum indivíduo mais dodói da cabeça e coisas estranhas e interessantes acontecem.

Kanye foi jogar o lixo fora e WHOOOSH! foi parar na costa oeste mil e vinte anos no futuro com o objetivo de salvar o mundo. Pode acontecer com qualquer um a qualquer momento.

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Kanye Quest 3030 começa no ano de 2010 e você controla o famoso Pop Rapper (definição do jogo), que está levando o lixo para fora e, subitamente, é transportado para o ano de 3030, um universo ligeiramente (quase nada na verdade) baseado na distopia afrofuturista de Deltron 3030, povoado de hostis clones de rappers e produtores que atacam você na rua para uma batalha de rap… que pode custar sua vida! Toda a estrutura do jogo é bem padrão de um jogo feito em RPG Maker: você anda por aí, entra em batalhas aleatórias, bate no inimigo, ganha experiência e grana (Swag, no caso), sobe de níveis, compra um microfone mais potente para atacar melhor seus inimigos, ganha a habilidade Croissants!, pega mais recrutas para seu grupo (como por exemplo o clone do RZA), tenta salvar o mundo do clone malvado do Lil B, etc., etc. ad infinitum, ad nauseam.

Bem, mas o que poderia me interessar num jogo que, como você disse, é bem padrão para os, ahn, padrões do RPG eletrônico estilo japonês? Dê uma olhada e me diga se a imagem abaixo não toca você pelo menos um pouco:

Estes são alguns dos inimigos que você irá enfrentar no jogo. Deu para sentir a vibe?

O design da jogabilidade de Kanye Quest 3030 é bem preguiçoso e xexelento. Se você reparar, a arte também, é só dar um google imagens nessas feras que aparecem na figura acima e é bem possível que você encontre a imagem exata que foi usada para fazer o jogo. Mas é possível ver que o verdadeiro trabalho de amor investido no jogo não foi na mecânica, mas na seleção das músicas e nomes dos golpes dos inimigos e personagens. Quando você vai lutar contra o Ol’ Dirty Bastard pode ter certeza que um midi safado vai tocar uma música do Wu Tang Clan e quando aparecer na sua frente o rostinho de BEBÊ do Eminem, obviamente que vai tocar aquela música maldita que não parava de tocar em 1999. Aí você usa o 2Pac do seu time para descer a lenha na cabeça desse branquelo usando o golpe HOLOGRAM. Quem vai gostar de fato de jogar essa parada é quem entrou ao menos um pouco no universo do RAP, especialmente se você também for um usuário pesado de jogos da terra do sol nascente.

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Aqui, o grupo completo de malfeitores que vai ajudar você a salvar o mundo (Estados Unidos).

Se você chegou até o fim deste texto lendo tudo, não somente querendo saber a conclusão ou duvidar de meus conhecimentos e integridade moral nos comentários, mas ainda não se interessou em jogar Kanye Quest 3030, faço uma apologia ao jogo que de fato vai contra 98,7% dos RPGs japoneses. Ele é curto. Se você não é mais um adolescente com deliciosas tardes para aumentar sua habilidade de navegar menus e negligenciar completamente sua vida social, pode ser uma boa pedida dar uma jogadinha nesse curioso título. Eu, por exemplo, demorei menos de duas horas para terminar, então dá tempo de jogar antes do seu chefe voltar do almoço no por quilo.

Siga o Pedro Moreira no Twitter: @pedrograca

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