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VICE News

O trabalho infantil continua a ser um problema mundial

A vergonha de haver crianças a trabalhar nas minas por 30 dólares ao dia.

Em 1936, George Orwell visitou uma mina de carvão em Grimethorpe, Inglaterra. "O espaço é como se fosse… a minha própria visão do Inferno", disse ele ao descrever a experiência. "A maioria das coisas que alguém imagina que possa encontrar no Inferno estão lá. Calor, barulho, confusão, escuridão, ar rarefeito e, acima de tudo, um espaço muito apertado".

Orwell era um gajo alto - com cerca de um metro e noventa - e eu também, por isso lembrei-me da sua comparação enquanto rastejava por um túnel tão escuro e húmido como um esgoto medieval, quase mil e 600 metros abaixo do solo, numa das mais antigas minas da América Latina, Cerro Rico em Potosí, Bolívia. Os canais eram tão apertados que eu não conseguiria voltar para trás — ou recuar — mesmo que quisesse.

Orwell não foi o primeiro a comparar as minas com o Inferno. Os mineiros bolivianos já sabem que trabalham no Inferno. Nos últimos 500 anos, pelo menos quatro milhões morreram por colapso de um túnel, fome, ou doenças em Cerro Rico. Estivemos lá e acompanhámos as crianças que, a partir de tenra idade, começam a trabalhar nas minas para manterem o sonho de um dia poderem estudar.