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Milhões de Festa

A tua vida precisa de mais Piri-Piri

Esfomeados e ressacados das seis da manhã, esta é para vocês.

Esfomeados e ressacados das seis da manhã, esta é para vocês. Noto um volume escasso e um desinteresse progressivo de notícias que apelem à gula forasteira numa cidade com fama de tainante. Pois bem, é oportuno dizer que os panadões e hambúrgueres do Xispes não fazem o monopólio da cidade às tantas da matina. Existem alternativas que, para muitos, até são bem mais agradáveis. Uma delas é o snack-bar da praxe que vos apresento aqui. Basicamente toda aquela zona aquém-rio, onde estava o palco dos metaleiros no ano passado, é propícia para petiscos, bebidas baratas e vomitado aleatório. Mas o Piri-Piri, ainda assim, consegue ser o tasco mais charmoso e estimável das Ramblas de Barcelinhos É uma espécie de 77 para o pessoal do Porto e um spot qualquer de Lisboa, se em Lisboa se comesse bem a qualquer hora do dia. Lembro-me perfeitamente que era lá que o meu professor de Filosofia se enfrascava de bagaço ao almoço. É também o habitat natural para aquele pessoal experiente que puxa o catarro lá dos confins dos pulmões e organiza concursos de escarros verdes. O público-alvo é misto e uma amostra bem representativa do barcelense às seis da manhã: bêbados, pessoal a chatear o patrão, clientes das festas “relembrar amigos”, bêbados, bombeiros em serviço, gajos que se põem a pé àquela hora para enfardar bolinhos de bacalhau, bêbados, sócios do Pacha a fazer estrilho só para provar que estão mais bêbados do que os outros e atrasados mentais — desculpem a redundância. No meio desta miscelânea toda, pode ser que te encontres lá, sem dar por isso. Bem alfacinhas, desculpem lá o preconceito de há umas linhas. O Piri-Piri é como o Gambrinus, só que em vez de marialvas podes apanhar um dos famosos malucos daquela zona a fazer continência por culpa de um flashback da Guiné ou a confundir-vos com fascistas. O Monte Carlo da tugolândia, portanto. Deixemo-nos de rodeios, vamos ao essencial. As chamuças são bestiais, os panamistos são viciantes, as sandes de presunto vêm em doses proibitivas e os rissóis no meio do pão são pedidos aos pares. O café só abre às seis por isso dá tempo suficiente de se lambuzarem, beberem mais um copo e irem tomar o pequeno-almoço ao Pérola. Acabei de perguntar ao Rafa dos Glockenwise o que achava daquilo e ele foi esclarecedor. “É demais e também tem alto segurança”. Altamente recomendável, portanto. Infelizmente para os vegetarianos, só tenho uma coisa a dizer: bem-vindos ao inferno! Não se esqueçam, lá no último neurónio que vos restar dessas noites, memorizem aquele café ao passar a ponte medieval do outro lado da capela. E entrem no Éden do colesterol, no Vaticano dos snack-bares. Outros estabelecimentos recomendados: Café Historial, restaurante O Escondidinho, restaurante Porta Nova (aka Xano), Adega Cooperativa de Barcelos.