Alguns blocos de carnaval cariocas decidiram retirar oficialmente do seu repertório carnavalesco marchinhas clássicas, como "Maria Sapatão", "Cabeleira do Zezé", ambas de João Roberto Kelly, e "O Teu Cabelo Não Nega", dos Irmãos Valença, por considerarem essas músicas politicamente incorretas. Em entrevista à rádio CBN, Renata Rodrigues, uma das organizadoras do Mulheres Rodadas — bloco oriundo do movimento feminista — defendeu o "boicote" a esses clássicos carnavalescos, julgando-os ofensivas às minorias sociais. Outro bloco no Rio de Janeiro que decidiu não tocar essas marchinhas foi o Cordão do Boitatá.Sobrou até pra "Tropicália", do Caetano Veloso, que fazia parte do setlist do Mulheres Rodadas. Os organizadores do bloco estão discutindo se o uso do termo "mulata" na canção é pejorativo ou não e, segundo Renata, eles ainda vão decidir se manterão o clássico da MPB no repertório.O incômodo com o uso de termos considerados pejorativos nas marchinhas não é recente. Segundo a historiadora e antropóloga Lilia Moritz Schwarcz em entrevista ao jornal O Globo, o escritor Lima Barreto, em 1906, se retirou de uma festa de carnaval quando começou a tocar "Vem Cá Mulata", por se sentir ofendido com a música.
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