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Música

Como Produzir o Som Vintage do Daft Punk com Equipamentos Atuais - E Mais em Conta

Já se perguntou como que o Daft Punk consegue criar aquela batida vintage e moderna com coisas tecnológicas? Fizemos um guia de como fazer tudo isso com coisas acessíveis e acháveis.

Equipamento pra produzir música é um lance caro. E mesmo se as ofertas de crédito, no banco ou no cartão, parecerem tentadoras, confie quando a gente diz: já cometemos esse erro e não vale a pena. E apesar de (ainda) não sermos consultores financeiros profissionais, nós vamos sugerir outra maneira para você saciar a sua vontade de montar seu set de produção sem se endividar.

Em 2013 saíram uma pá de novos equipos analógicos, a começar pelas gooveboxes portáteis Volca da Korg e o - relativamente - acessível sintetizador analógico Microbrute da Arturia. Mas nós sempre fomos fascinados pelos instrumentos vintage, aqueles que são os itens sagrados da história recente da música.

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Estou falando dos aparelhos eletrônicos que são parte da mitologia da música moderna, como as Roland TR-808 e 909, o Linndrum e os incríveis sintetizadores Moog. O Daft Punk é famoso por seus sons analógicos, e as pistas do mundo inteiro piram com os timbres saídos dos circuitos vintage desse tipo de aparelho. Aí nós ficamos todos obcecados por essas máquinas que os caras do Daft Punk usam (até mais do que como eles os usam) e o preço dos equipos subiu astronomicamente nos últimos anos.

Tá, mas então você quer saber como você faz para produzir um som com cara de vintage sem precisar pagar pelo preço do vintage, né? Vem comigo nessa jornada que eu fiz pelo eBay para achar os melhores substitutos, assim você não precisa ficar esperando a vida toda o dólar baixar para comprar um equipamento num preço decente.

BATERIA: Roland TR-808 / Roland TR-909 / Linndrum

Essas máquinas são a música eletrônica. Pegue uma 909 a 128 bpm, por exemplo, aplique um pouco de filtro low pass, umas pitadas de reverb e você tem uma batida que vai cair como uma luva numa pista às 3 da manhã. O uso que o Daft Punk faz dessas máquinas não é novidade. E em linhas gerais, o hip hop é todo construído em cima da 808, o house e o techno da 909 e os sons hiper-realistas da Linndrum aparecem em diversos hits da música pop. Só que agora as máquinas originais para fazer esses sons custam uma fortuna e, pior, são verdadeiros trambolhos. Então um monte de empresas aceitou o desafio de recriar essas máquinas: MFB, Korg, Novation, Acidlab, x0xb0x e uma série de outras. Tá, eu não tenho uma 808 e mesmo se tivesse eu não sei se eu seria homem o suficiente pra saber o que fazer com ela. Mas eu tenho uma Roland 909 E uma Novation Drumstation, que combina a maior parte dessa geração de tons analógicos com samples PCM de baquetas e cowbells.

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Drumstation e Bass Station

A Drumstation não é a solução mais completa. Uma das melhores partes da 808 ou da 909 é o sequenciadro, então você vai precisar de alguma coisa que funcione com ela. Eu recomendo o Korg Electribe, que vem com um sequenciador de 16 fases e é fácil de usar, já que ele foi projetado em cima dos equipamentos originais. Dá para achar por um preço legal no eBay , ou comprar um novo, como o ESX1SD ou o EMX1SD.

ER-1-1 funcionando como sequenciador

Também existe essa fábrica alemã, a MFB’s Tanzbar, que não chega a ser um clone perfeito, mas cobre bastante terreno entre as 808/909/606, o que quer dizer que pode ser que você curta essa caixinha.

Tanzbar:

POLY SYNTH: Roland Juno 106

Os anos 80 foram o puro creme dos sintetizadores polifônicos, sendo que existiam duas categorias: aqueles que os reles mortais conseguiam comprar e aqueles que SÓ podiam ser adquiridos pelo Vangelis, Thomas Dolby, Stevie Wonder e o Phil Collins. Essa leva inclui o Jupiter 4, o Yaamaha CS80 e o CMI Fairlight. Boa sorte na busca pra tentar achar um desses hoje em dia (apesar de que o que um Fairlight de 20 mil doletas podia fazer na época, qualquer laptop faz hoje).

Paul Hardcastle e o Fairlight:

Já a primeira categoria (a dos reles mortais) inclui a série Akai AX, o Korg Poly 800 e a série Juno da Roland. Esses foram absorvidos por produtores mauricinhos e DJs entusiastas por todos o mundo. Com isso você deve pensar que deve existir uma Juno 106 usada a cada esquina e com preço bom, mas não. Elas ainda custam caro, porque é difícil achar uma em que o voice chip não tenha dado pau.

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E aqui, graças a esse cara do YouTube, tem uma versão (idêntica) de “Rollin’ and Scratchin’” do Daft Punk feita com a Juno:

Eu prefiro a Juno 60 (apesar de ele não ter entrada pra MIDI), mas pra fazer um som moderno vamos ver o incrível Dave Smith e seus brinquedos. O Dave começou uma empresa que se chama Sequential Circuits, que fez o Prophet 5, Six Traks, Drumtraks e o Pro One. Ele ainda faz sintetizadores hoje em dia, e eles ainda são bem legais.

Primeiramente, aqui está o Dave Smith Instruments (DSI) Tetra fazendo um cover de “Escape From New York” do John Carpenter.

Tem também o DSI Mopho x4, que é basicamente o Tetra na versão teclado. Ambos têm quatro tipos de vozes analógicas, mas se você colocar um do lado do outro (e aí você junta o dinheiro pra comprar os dois), você vai ter um polysynth de oito vozes monotimbral.

Diz se não parece os barulhinhos do Daft Punk:

BAIXO: Moog Minimooog / Roland TB-303

Mas tem um detalhe onde o Daft Punk sempre esteve um passo à frente da humanidade. O pai do Thomas Bangalter era ninguém mais, ninguém menos, que o produtor de eurodisco mais bacana depois do Moroder, o Daniel Vangarde. Ele produziu a música D.I.S.C.O. da dupla Ottawan. Só de ler o nome da música ela já começa a tocar na sua cabeça:

Quando você está gravando o seu álbum de estreia em casa, o fato de seu pai ser um hitmarker deve ajudar bastante. E mesmo que o Vangarde não tenha dado um mísero pitaco no som dos meninos, uma coisa é certa: o Daft Punk teve acesso a um Moog Minimoog – o santo graal do sintetizador analógico de graves e outra pedra preciosa na coroa da música moderna. Dezenas de synths tentaram replicar o Model D, até a não menos importante reencarnação da Moog, a Moog Music – cujo Voyager pega as mesmas cues do equipo original, mas deixa tudo mais claro e ainda adiciona todos os tipos de MIDI com estabilidade. Mas é aí que mora o problema – parte do charme do Model D é que ele é meio tosco. É uma parada sinistra. Sim, ele consegue criar umas linhas suaves e cremosas, mas a largura de onda do som é, na falta de uma palavra melhor, essencialmente vintage.

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A mágica dos graves do Minimoog:

A sua melhor aposta nessa área são as diversas ofertas da Moog (a própria Voyager é um investimento considerável). Se você quer um grave potente, vá direto ao Moog Minitaur, e se for para ter maior variedade, vá de Phatty ou Slim Phatty, que já dão aquela sensação gostosa de um Moog. E o lançamento mais recente deles, o Sub Phatty, atende todas as demandas. Custa US$ 1.000 e rosna, briga, grita tanto quanto o seu coração mandar.

Se você quiser fazer um som sujo e cheio de filtros, coloque o novo pedal

Moog Minifooger Drive

. Ele faz tudo isso e tem um preço aceitável.

Já o Roland TB-303 o Daft Punk usa um monte, mas ficou famosa com o breakdown clássico de “Da Funk”:

Existe um aparelho idêntico no mercado, que possui inclusive as mesmas especificações técnicas. É o

Bass Boy TT-303

, ele tem entrada MIDI e todos os detalhes do original, dá uma olhada:

Eu nunca coloquei a mão em um, então não posso dar a minha palavra por ele. Mas eu usei um Arturia Microbrute e… não é a mesma coisa que uma 303. Mas ele é um sintetizador analógico do tamanho de um laptop de 13 polegadas com entrada de canais semi-modular e sequenciador de 64 fase,s no mesmo estilo do Roland SH-101. Ela também tem quatro tipos de osciladores, filtros HP/BP/LP e, ao contrário da Minitaur, a Microbrute ainda conta com um teclado.

SAMPLEANDO/SEQUENCEANDO: ROLAND S760 / E-mu SP1200 / MPC2000XL

Antes dos computadores, existia um monte de caixotes cinzas que nos ajudavam a mapear as notas MIDI, e eles nos faziam (quase) completamente independentes de baixistas e bateristas. Essas caixas ainda estão por aí, mas elas custam um rim. Por causa da importância delas no hip-hop e no French Touch, a E-mu SP-1200 sai por volta de uns US$ 2.000 – isso que não tem um monte de funções e tem uma resolução de som de 12 bits.

O incrível Alan Braxe explicando a E-mu SP-1200:

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Os fabricantes acreditam que sim, nós vamos usar computadores pra sempre, mas pode ser que existam outras maneiras de curtir a portabilidade, a energia e as opções que eles fornecem sem precisar ficar queimando a retina de cara pra tela. A Maschine da Native Instruments e a MPC Renaissance da Akai, são duas opções lançadas recentemente e que funcionam como controladores com seus próprios softwares. A minha opção portátil de controlador de beats e samples é a MPC2000XL. Eu amo a MPC, apesar de o fader ter ido pro saco e quatro botões não funcionarem mais. Mas ela tem aquela sonoridade gorda, é superfácil de usar e faz eu me sentir meio hip-hop.

No primeiro disco, o Daft Punk usou e abusou de sequenciadores pra dar um gás nas produções. No equipamento do live deles, naquela foto lá em cima, dá pra ver que eles usam uma Aalesis MMT-8. Eu não boto muita fé nessa nova geração de controladores. Ou você usa o controlador com o computador ou ele vira um peso morto, totalmente inútil. Por outro lado, o programa da MPC abre, mas não funciona enquanto você não pluga o aparelho. Então, pra fechar com chave-de-ouro essa ode ao analógico, dá uma olhada no sequenciador Doepfer Dark Time.

Nele você usa o seu computador pra o que o MMT-8 consegue fazer, mas pra ter aquele estilo modular de sequenciador, você opta pro Dark Time:

Davo fez uma pesquisa tão foda no eBay que baniram ele. Siga ele no Twitter - @battery_licker