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Música

O vocalista da The Story So Far deu uma voadora numa garota que tentava tirar uma selfie no show da banda

Parker Cannon agrediu uma fã, justamente a pessoa que garante a ele o direito de subir ao palco.
Emma Garland
London, GB

Reprodução do YouTube.

Enquanto banda, há diversas formas de lidar com as pessoas da plateia que estão dispostas a subir no palco e se arriscar a invadir o seu espaço, se atracar nos equipamentos e, de forma geral, ser um pé no saco. Você pode dar um tapinha no ombro e conduzi-los até a saída, como uma pessoa adulta. Se estão sendo particularmente agressivos, você pode parar o show e chamar o segurança. O que você não deveria fazer sob hipótese alguma é se impor da forma mais repugnante possível: dar uma voadora no seu público. Especialmente se a pessoa em questão é uma adolescente que está interagindo de forma totalmente passiva e tirando uma selfie. Mas aparentemente o Parker Cannon, vocalista da The Story So Far, não está nem aí sobre isso.

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Durante um show da banda de hardcore em Toronto, no Canadá, no último domingo (10), a primeira solução que o Parker conseguiu pensar para resolver o problema da fã à sua frente tentando tirar uma selfie com a banda que ela tanto ama foi pular e dar um chute tão forte nas costas dela que a fez cair no meio de uma plateia ensandecida.

E não é a primeira vez que isso acontece. Em 2015, o Cannon expulsou um cara do palco em Houston pelo mesmo motivo. Apesar do ato em si não ser necessariamente pior por envolver uma garota, na verdade ele é quando você leva em conta que a atmosfera pop-punk-metaleira de forma geral já é incrivelmente hostil para o sexo feminino. Seja dando passe livre a predadores sexuais, defendendo o direito divino de se jogar no palco independentemente de quem você vai prejudicar durante o processo, ou atacando entusiasticamente seus fãs só porque o seu privilégio te faz achar que está no seu direito.

A petulância da atitude agressiva do Cannon em relação à sua jovem fã que, literalmente, está pagando ele para estar no palco, para início de conversa — para ele ficar gritando "think about who you let between your thighs” e “I know where you’ve been / You’re ruining men” todas as noites no microfone — é nojento pra caralho. Sim, tirar selfies no palco provavelmente é bem irritante, mas sendo Parker um adulto é sua responsabilidade lidar com isso de forma racional e não ser um completo bostão.

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Ninguém deveria se sentir indesejado ou ameaçado em um show. Nunca. Há bandas parecidas, como Joyce Manor, que decidiu parar a música no meio para falar para os invasores de palco que eles estavam sendo especialmente agressivos e insensíveis com a plateia mais nova e mais vulnerável, e todos os carinhas das bandinhas punk deveriam estar vestindo a camisa deles. Obviamente, é difícil controlar exatamente o que acontece nos seus shows, mas uma coisa que as bandas têm total controle é o seu próprio comportamento. Se você usa sua plataforma para agredir seus fãs — que, em sua maior parte, são meninas adolescentes — isso não só é uma coisa totalmente grotesca de se fazer, mas também está perpetuando a cultura da misoginia.

A real é que rejeitar ativamente o sexismo e comportamento violento como uma forma de transformar os seus shows em ambientes mais seguros e inclusivos é o lance mais punk rock que você pode fazer.

O Noisey Brasil entrou em contato com membros da produção da banda mas até a publicação desta matéria eles não se pronunciaram oficialmente.

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Tradução: Stefania Cannone

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