FYI.

This story is over 5 years old.

Música

O Novo Álbum do Marcelo Perdido É a Mais Pura Melancolia Invernal; Ouça a Faixa "Saturno"

Segundo de uma série de quatro discos, ‘Inverno’ exibe uma espécie de simplicidade refinada com arranjos de violino e ênfase na voz & violão. Escute com exclusividade à faixa “Saturno”.

Arte por Diego Sanches, que assumiu as capas de todas as quatro estações do projeto.

“Saturno” é uma das dez faixas que dão corpo a Inverno, o novo álbum do Marcelo Perdido, com lançamento marcado para o dia 29 de junho. Flertando com uma sonoridade próxima de nomes como Devendra Banhart e Sufjan Stevens, ele tomou as estações do ano como mote para dar forma a um trabalho autorreferencial, que faz parte de uma série de quatro discos. Se o estreante Lenhador assinala o capítulo outonal dessa jornada, Inverno fala da vida em São Paulo num ano que, segundo o artista, foi gelado: “Eleições, decepções e Facebook racharam a sociedade ao meio e fomentaram o discurso de ódio e a intolerância”. Ele complementa dizendo que “no primeiro disco eu vivia uma época em que estava deixando coisas para trás, me preparando para algo que viria, mas muitas vezes usando ficção para falar desses sentimentos.”

Publicidade

Produzido pelo guitarrista João Erbetta, atualmente na formação da banda do Marcelo Jeneci, o repertório valoriza a simplicidade do instrumental, com uma aposta maior na elaboração dos arranjos. Violão e voz foram gravados ao vivo pelos dois, sem grandes interferências na pós-produção. A ideia consistiu em manter o tratamento artesanal e a sonoridade analógica. Na mixagem, Zé Nigro enalteceu essa proposta ao passar as vozes e os instrumentos por um delay de fita, mixando ao vivo nos botões do copycat. Há ainda a participação de Mariana Corado nos violinos e Henrique Caldas, tocando rabeca. “Ele [Erbetta] é um dos mais talentosos guitarristas da atualidade”, comenta Perdido. “Conversamos bastante sobre manter a força das canções, das letras, gravamos olho no olho. Isso durou três dias e aconteceu no Rio. Na semana seguinte ele veio para São Paulo e gravamos com a Mari e o Henrique. Todos os outros instrumentos que se pode ouvir no disco foram tocados pelo Erbetta. Não tem samples, tem som de fita, tem vazamento, tem vida.”

Continua…

Marcelo Perdido justifica a escolha do Erbetta para a produção porque vê nele um amigo capaz de entender a sua melancolia. E, de fato, a melancolia surge em todos os versos e ritmos da obra. “Em Inverno não teve muito espaço para sorrisos”, desabafa. Fora as já citadas influências de Sufjan e Devendra, entre as inspirações nacionais o Marcelo aponta para Nando Reis, Mauricio Pereira e Rodrigo Amarante. “Eu acabo me encantando pelos compositores que cantam e defendem suas músicas. Me identifico, me inspiro. Tive a sorte do Gonzalo Deniz cantar comigo, eu sou apaixonado pelo projeto solo dele, o Franny Glass”, comenta. “Esses caras assumem um processo parecido com o meu… de se alimentar dos filmes, livros e vivência e transformar em música. Mas não dá para esquecer da banda Baleia, Apanhador Só, e essa turma nova que acompanho de perto para sacar como é que eles tão fazendo o som deles.”

É certo que vão rolar shows em São Paulo e no Rio de Janeiro. Mas nada oficialmente anunciado até aqui. Perdido está um pouco noiado com o formato de apresentação desse disco no palco. Isto porque, embora os arranjos imprimam aquela atmosfera suavinha de voz e violão, existe uma instrumentação muito mais refinada criando o clima. “Já que o disco é um tanto melancólico, não combina com lugares grandes.”

Siga o Marcelo Perdido nas redes: Facebook | Soundcloud | YouTube | Twitter | Instagram