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Música

A Joan Rivers Tinha Um Ouvido Excelente Pra Música

Teremos saudades da Joan Rivers não só pelo seu talento na comédia, mas também por suas entrevistas incríveis com artistas bizarros.

Joan Rivers faleceu semana passada aos 81 anos de idade, deixando um legado sem paralelos na comédia. Mas sua atuação como apresentadora de talk show – entre o outono de 1986 e a primavera de 1987 no The Late Show Starring Joan Rivers, que passava na Fox, e depois no talk show diurno do começo dos anos 90 The Joan Rivers Show – também levou a algumas apresentações musicais icônicas (e infames).

Seja porque a Fox era tão nova, ou porque ninguém mais receberia algumas destas bandas, Rivers conseguiu se safar com umas coisas bem subversivas em seu The Late Show Starring Joan Rivers. Mesmo quando ela deu uma amenizada para atender ao público mais conservador durante o dia, não perdeu as manhas – contando com jovens célebres da cena noturna de Nova York para uma entrevista(e um desfile) ou dando destaque à sósia transex de Madonna, Viva Sex, logo depois de “Justify My Love” ter feito sucesso.

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Em qualquer um dos dois programas, o humor cáustico pelo qual Joan se tornou conhecida não era evidente nas entrevistas com bandas desconhecidas ou desajustados culturais. Mesmo quando encarava o bizarro ou esquisito, Rivers não se fazia se rogada; ela parecia verdadeiramente interessada em suas motivações artísticas e o que os fazia agir daquela forma. E mesmo quando algumas bandas lhe testaram a paciência – ver abaixo – a apresentadora reagia como humor, graça e autodepreciação.

Beastie Boys

O destaque musical definitivo do efêmero

The Late Show Starring Joan Rivers

aconteceu em 15 de janeiro de 1987 com a apresentação dos muito jovens (e julgando pela entrevista, talvez muito bêbados) Beastie Boys. Praticamente tudo neste vídeo é incrível – da banda tocando em tom levemente irônico "(You Gotta) Fight for Your Right (To Party!)" com mulheres seminuas saracoteando ao redor de um carro queimado tirado de um ferro-velho à habilidade de Rivers de se manter firme perante os sapecas Beasties (exemplo: “Como vocês se conheceram – na faculdade de música?”). Acima de tudo, ela se recusou a mimar os rapazes. Ao apresentar a banda, Joan erroneamente chamou seu disco de

Licensed to Kill

– e depois de lhe corrigirem nos bastidores, lembrando-a que o nome correto era

Licensed To Ill

, ela logo se recuperou da gafe com uma bela gargalhada: “Esse é um nome estúpido para um disco! Deviam ter chamado de

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Licensed To Kill

– conseguiriam o disco de platina em quatro semanas”.

Gwar

A segunda jogada musical mais famosa de Joan foi convidar o Gwar como parte da semana “Rock On The Wild Side” do The Joan Rivers Show (cujo slogan era: "Quente demais para a MTV!"). Depois de chamá-los de “Tartarugas Ninjas à base de LSD” e admitindo alegremente não entender qual era a deles, Joan teve uma conversa completamente agradável com a banda – que claramente levou numa boa o absurdo da situação, culminando em um momento emotivo de mentirinha em que Oderus Urungus falava sobre a sua célebre prisão em 1990.

Public Enemy

Logo após o lançamento de Fear Of A Black Planet, o Public Enemy fez uma participação no The Joan Rivers Show tocando uma versão incendiária de “Brothers Gonna Work it Out”. Vale mencionar a oportunidade que Flavor Flav teve para falar "Yeahhhhhhhhhhh, Joan!" pouco antes dos comerciais.

Wendy O. Williams

A saudosa líder dos Plasmatics não se conteve ao aparecer no programa. Ao tocar “Goin’ Wild”, do álbum Kommander of Kaos, Wendy chegou logo atravessando o cenário com sua famosa serra elétrica. Na sequência veio uma versão censurada da igualmente barulhenta “(Work That Muscle) F*ck That Booty”.

The Mission UK

Durante a turnê de seu disco de estreia, God’s Own Medicine, os góticos cult do The Mission acabaram indo parar no The Late Show Starring Joan Rivers em maio de 1987. Após tocarem "Severina", Rivers foi fofa e deu ao frontman Wayne Hussey um esmalte para fazer uns retoques.

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Ozzy Osbourne

Anos antes de The Osbournes fazerem aquela família se tornar queridinha da TV, Ozzy e sua trupe – incluindo Jack aos 5 anos e Kelly aos 6 – participaram de um especial de Dia dos Pais roqueiros. As crianças pareciam agitadas e entediadas com a entrevista de dez minutos, apesar de suas respostas serem inegavelmente adoráveis.

Dread Zeppelin

Mais um da semana "Rock On The Wild Side", com o Tortelvis coberto de veludo e Butt-Boy só de tanguinha (este, aliás, chamado de “Butt-Mon” durante todo o programa). Rivers parecia interessada de verdade (e um pouco perplexa) com a banda. Em determinado momento, Tortelvis perguntou “Parecemos uns bobos ou o que?” e ela, diplomaticamente, o tranquilizou: “Você parece com qualquer um de meus vizinhos”.

Um quadro sobre lidar com “Adolescentes e Heavy Metal"

O típico quadro sobre pais preocupados com seus filhos esquisitos foi perfeitamente resumido na legenda que acompanhava um dos supostos renegados: “John Galvin, Adolescente Heavy Metal”.

Jim Rose Circus

A programação diurna da TV gosta muito de freak shows. Naturalmente, o Jim Rose Circus (que fazia turnês com Nine Inch Nails, Marylin Manson e como parte do Lollapalooza) foi uma escolha perfeita.

Hüsker Dü

No final da carreira, o Hüsker Dü participou do programa noturno de Rivers (junto de um maratonista de 85 anos e o ator Ian McKellan) tocando “Could You Be The One?” e “She’s a Woman (And Now He is a Man)”. Mesmo em uma entrevista com Rivers, a banda não conseguia escapar de perguntas sobre o que significava pra eles assinar com uma gravadora grande.

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Elton John

"Tenho uma música que acho que seria muito apropriada de se tocar aqui", gracejou John antes de tocar “The Bitch Is Back” – com Joan ao piano cantando junto entusiasmadamente e uma participação de Cher ao final da música.

The Cult

Depois de uma versão tipicamente espalhafatosa e metálica de “Lil’ Devil”, um levemente acanhado Ian Astbury recebeu uma ligação de seu pai para lhe desejar um feliz aniversário.

Poison

Olha quanto cabelo o Bret Michaels tinha!

Você devia mesmo seguir a Annie Zaleski no Twitter - @anniezaleski.

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Tradução: Thiago “Índio” Silva