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Música

O Homem que Transformou Seu Cabelo em Violino

O Tadas Maksimoves estava com o cabelo na bunda, de tão grande, e ao invés de simplesmente cortá-lo, resolveu dar uma função melhor pras suas madeixas.

Estamos tão acostumados a instrumentos musicais pré-fabricados que a ideia usar uma parte do corpo como instrumento parece até estranho. Lembramos logo daqueles beatboxers xexelentos, ou então de alguém fazendo aquele barulho de pum com as mãos – coisas de que pessoas normais não costumam fazer parte. Mas o corpo é um instrumento maravilhoso e pode ser usado para produzir um som que não agrade somente a galera que acha graça em Family Guy.

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O artista lituano Tadas Maksimoves criou um projeto em que utiliza seu próprio cabelo como corda de violino. O cabelo, que permanece enraizado, é embebido em cola, amarrado a um violino e tocado. O resultado final é incrível: soa exatamente como um violino normal.

Conversei com Tadas sobre o uso de seu cabelo na música, cortes de cabelo e sobre como se sente ao ser tocado.

Noisey: De onde veio a ideia de usar seu cabelo em um instrumento?

Tadas: Se seu cabelo já está atingindo sua bunda, isso é sinal de que já está na hora de cortá-lo. Dois anos atrás, tive a ideia de fazer cordas com meu cabelo. Queria cortá-lo, mas também criar algum tipo de entretenimento visual com ele. Reparei em algumas campanhas publicitárias que mostravam um arco de violino com cabelo humano em vez de pelo de cavalo. Era até interessante, mas eles não estavam fazendo direito: a música vem das cordas, e não do arco. Decidi fazê-lo como se devia e fiz um violino com cabelo humano. Mas o problema era que não achava ninguém para me ajudar, e obviamente não conseguiria fazer isso sozinho.

Me soa mesmo como um trabalho em parceria.

Com certeza, então comecei a procurar pessoas para trabalhar nisso. Me chamaram de maluco muitas vezes. Não foi surpresa, já fiz coisas mais doidas na minha vida.

E como você finalmente conseguiu?

Escrevi a Eimantas Belickas, um dos melhores violinistas da Lituânia. Sabia que ele era cabeça-aberta o suficiente para entrar nessa e gostei muito de sua performance no Eurovision. Ele gostou de minha ideia e, uns dias depois, me meti em um avião para encontrá-lo. Compramos extensões de cabelo natural e todas as marcas de supercolas que encontramos e começamos a testá-los. Não tínhamos certeza de como o cabelo reagiria à cola. Seria forte o suficiente para fazer um som? Mas funcionou bem.

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E aí?

Começamos a pensar sobre o que deveríamos tocar. A primeira ideia foi “Voodoo People”, do Prodigy, mas decidimos ficar com uma música que Eimantas tinha composto. Escolhemos uma de suas peças e começamos o storyboard que está no Vimeo.

Como foi a filmagem?

Foi bem sem rodeios. Me sentei e o cabeleireiro fez as cordas. Levou cerca de meia hora para fazer cada corda, principalmente porque tínhamos que esperar até que a cola secasse, depois mais meia hora para afinar e uma hora filmando. Eimantas usou o violino elétrico, assim pudemos gravar o som direto.

Como você se sentiu ao ver alguém fazendo música com seu cabelo?

Minhas raízes são muito sensíveis, então tive de lembrar ao Eimantas de que não puxasse o violino com muita força. Não estava ligando para meu cabelo, só queria manter meu couro. Foi bizarro, não por causa do som, mas de como estávamos. A imagem de dois caras de costas um para o outro, enquanto um toca violino feito com o cabelo do outro ainda preso à sua cabeça, isso não é comum, é?

Quais são seus planos para seu próximo corte de cabelo?

Quer saber? Depois de 10 anos sem cortar o cabelo, gostei muito de ficar careca. Ainda sonho que tenho cabelo comprido. Estou parecendo um bandido do Leste Europeu, mas é prático. Pode ser que tente um undercut.

O que é isso?

É quando você deixa o cabelo da parte de cima da cabeça maior e o resto, curto. A parte mais longa cobre metade do rosto, é misterioso. Ainda tenho meu cabelo enrolado em um novelo e estou pensando em fazer um chapéu com ele.

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Seria incrível. Algo mais que gostaria de dizer?

Cresci ouvindo a música de Eimantas e o admiro desde minha adolescência. Me senti honrado e orgulhoso de fazer uma coisa tão doida com ele. Fico feliz que Eimantas tenha acreditado em mim e, apesar de sua fama e de sua imagem, ele tenha concordado em fazer algo assim. Carpe diem!

Carpe diem.

Siga Dan no Twitter: @KeenDang

Tradução: Pedro Taam