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Música

Encontrando Fãs da Amy

Na tarde do sábado, a Amy Winehouse foi encontrada morta na sua casa, em Camden, pelo seu guarda-costas. A polícia ainda não anunciou a causa oficial da morte, mas algumas fontes especulam que isso pode ter tido relação com drogas.

Na tarde do sábado, a Amy Winehouse foi encontrada morta na sua casa, em Camden, pelo seu guarda-costas. A polícia ainda não anunciou a causa oficial da morte, mas algumas fontes especulam que isso pode ter tido relação com drogas--oficialmente o caso continua "inexplicado". Quando a notícia foi divulgada, todo mundo começou a dizer que ela tinha se juntado ao Jimi Hendrix, Janis Joplin e todos os músicos falecidos do “Clube dos 27″, ao mesmo tempo que fãs, jornalistas e vizinhos barulhentos iam se aglomerando à porta da casa da Amy. Fomos até lá ver como estava o ambiente.

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VICE: Olá. Que dia triste o de hoje.
Pamela: Pois é. Adorava a voz dela. Foi uma grande perda. Mas eu também sou um pouco intrometida. Vivo aqui perto, por isso decidi vir dar uma olhada no que estava acontecendo.

Acha que a morte dela era previsível?
Bom, não, porque estamos sempre esperando que as coisas melhorem. Sei que ela estava sempre entrando e a saindo de clínicas de desintoxicação, mas, como tinha tanto talento, sempre pensei que fosse se recuperar.

O “Clube dos 27″ diz alguma coisa pra você?
Você tá falando daquela coisa do Jim Morrison, da Janis Joplin e dessas pessoas todas que morreram aos 27 anos? Sim, li sobre isso no Daily Mail.

Sim, esse mesmo. Acha que tem algum significado?
Sim, claro, mas é capaz de ser a idade em que as pessoas atingem a maturidade artística. Quer dizer, quando se chega à fama antes dos 20 e depois se começa a abusar, é natural que depois só se tenha um número limite de anos até a festa acabar. Tipo, eu também estive numa banda quando tinha 20 anos, mas saí quando as coisas começaram a ficar muito estranhas…

Então, como está?
Sofia: Mal posso acreditar! Vim passar três semanas em Londres, estava esperando cruzar com ela, mas não desse jeito!

Então a Amy era muito importante para você?
Adoro a música dela e o estilo de vida dela. Era tão fantástica--adoro ela. Era uma parte de mim. Foi ela que me inspirou a começar a tocar baixo. Temos uma conexão.

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O que você acha do tratamento que a imprensa deu a ela?
Foi horrível! Acho que era por causa deles que ela estava nas drogas. Estava morrendo por causa deles, eu acho. São muito duros, não deviam tratar as pessoas dessa forma… É horrível.

O que você acha dessa coisa do “Clube dos 27″?
Acho que as pessoas chegam a uma altura que já não conseguem aguentar mais os paparazzi. Olha, desculpa, estou muito triste pra falar com você.

Tudo bem. Tomara que você fique bem.

Olá! Você trouxe flores. Mora aqui perto?
Claire: Sim, vivo em Kentish Town, logo aqui em cima. Quando ouvi as notícia, o mínimo que podia fazer era vir aqui prestar condolências.

Você chegou a vê-la aqui pela vizinhança?
O colega de casa sim. Uma manhã ele ia pro trabalho e, segundo o que ele conta, ela passou por ele e disse que gostava do colar dele. Acho que é uma boa memória dela…

Como você acha que ela será lembrada?
Ela era fantástica, cresci ouvindo muitas das suas músicas--ela foi muito importante para mim. Acho que o mesmo acontece com muita gente da minha idade, 25 anos. Era um ícone para a a galera mais nova. Quer dizer, isso antes de ter começado a abusar do álcool e das drogas.

O que é você acha da maneira como os tablóides a trataram?
Bom, eles de fato pegaram bastante no pé dela, mas ela também deu motivos para isso.

Olá. Por que veio pra cá?
Aslahan: Sabe, foi estranho: estava agora há pouco em Shoreditch comendo qualquer coisa com uma amiga e estávamos comentando o fato de ela ter cancelado o concerto em Istambul, porque somos de lá. Já estávamos esperando que fosse cancelado, depois do que aconteceu em Belgrado, mas ainda assim ficamos desiludidas.

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Então vocês já estavam prevendo isso tudo?
Sim, como estava te contando, nós estávamos falando sobre isso e dizendo: “Não deve demorar muito pra ela bater as botas". Mas não esperávamos que acontecesse tão rápido! Depois, outro amigo nosso nos telefonou e contou a notícia. Ficamos assustadas e viemos aqui prestar uma homenagem.

Já ouviram falar do “Clube dos 27″?
Não…

Bom, as pessoas gostam de falar sobre o fato do Jim Morrison, da Janis Joplin, do Brian Johnson e do Kurt Cobain terem todos morrido aos 27 anos, tal como a Amy…
Meu deus! Acha que foi por isso que ela morreu? Será que ela se suicidou para se juntar a eles?

Não, não acho.

Abby (à esquerda) e Faye (à direita).

Oi pessoal. As suas roupas são bem glamourosas.
Faye: Sim, são apropriadas para o momento, não? Achamos que era a melhor forma de homenagear a Amy e celebrar a sua vida. A Abby é cantora.
Abby: É, sou cantora.
Faye: Acho que não devíamos ficar muito desnorteados com o fato de ela ter morrido.
Abby: A Amy nos inspira.

Mas com certeza vocês ficaram chocadas com a notícia da morte dela, não?
Faye: Só gostaríamos que alguém a tivesse ajudado mais cedo.
Abby: Os tablóides não ajudaram nada.
Faye: Quanto mais falavam dela, mais ela ficava descontrolada…

Pois é.
Abby: Bom, como eu estava dizendo, eu canto. E também espero me tornar atriz. Sou muito influenciada pelo jazz, tal como a Amy…
Faye: Canta uma música! Canta a “Black to Black”!
Abby: Quer que eu cante?

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Hmm…
Abby: “We only said goodbye with words…”

[Jornalista de televisão interrompe]: Olá meninas, vocês se incomodam de falar com a gente um minutinho?

Abby: “I died a hundred times…”

[As luzes das câmeras apontam pra gente, eu sou empurrada para fora da cena.]

Velhote: Você tem uma voz tão linda! Lindíssima! Está cantando pra Deus. Está cantando para os anjos. Abençoada seja a sua alma.

[vídeo]

Olá. Você está visivelmente chateada.
Sonja: Ela era muito importante para mim porque era toxicodependente, e eu também estou em recuperação. Mas, pelo menos, agora já não vai mais sofrer. Apesar de que ela podia podia ter se tratado. Eu consegui me tratar.

Vive aqui perto?
Sim. Até vi ela umas semanas atrás. Eram mais ou menos nove da manhã e a Amy estava passeando com um cara, completamente lesada. Pedi um autógrafo e ela mal conseguia falar. A boca dela estava tão seca que a única coisa que conseguiu dizer foi: “‘Tudo bem”. Mas me deu o autógrafo.

Isso foi simpático da parte dela.

Genevieve (à esquerda), Acar (à direita)

Então, quando ficaram sabendo da notícia?
Acar: Soube quando estava no trabalho e fiquei chocada ao ver que muita gente comentou “olha, acontece”, porque ela era muito importante para mim. Ela era uma artista de Camden, e eu cresci em Camden e sim, tinha problemas, tal como todos os seres humanos. Nós até chegamos a conhecer ela. Ela era legal.
Genevieve: Sim, estávamos sentadas na porta de casa dela, bebendo, e ela saiu e sentou perto da gente. Não falou muito, mas ficou com a gente durante dez minutos, e não foi antipática nem disse para irmos embora.

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E a teoria do “Clube dos 27″?
Acar: Acho que é uma espécie de maldição, uma conspiração. Pensem só no dinheiro que a editora dela agora vai ganhar. Quero dizer, supostamente eles deram tempo para ela se recuperar. Se eles quisessem que isso acontecesse, poderiam tê-lo conseguido.

O seu iPhone está tocando bem alto. Está pensando em passar a noite aqui?
Genevieve: Sim, vamos acampar aqui e ficar ouvindo as músicas dela até amanhecer.

Divirtam-se.

Então, tá tudo bem?
Gejo: Não sei o que dizer. As letras dela eram do outro mundo. Me identificava com elas. Por vezes, achava que as músicas da Amy eram a trilha sonora da minha vida. O meu parceiro também acha a mesma coisa, éramos os dois muito fãs dela.

Onde é está o seu parceiro?
Ficou em casa, não conseguiu aguentar tanta emoção.

O que você acha da maneira como a imprensa a tratou?
Acho nojento. Até mesmo a BBC, hoje só falaram do fato de ser viciada em drogas. Deviam era ter se focado na música. Todos sabemos que ela tinha problemas, mas não cabe a nós julgar.

(Da esquerda para a direita) Jane, Kelly, Spencer, Amber e Kerris Hammond.

Olá pessoal, vocês se importam de falar comigo um segundo?
Amber: Tudo bem.
Spencer: Somos de Essex, e viemos aqui de propósito.
Jane: Para a homenagear.
Spencer: Porque a Kerris é uma grande fã. A Kerris e a Amber são gêmeas, tá ligado? Vão ser designers de moda, fazem roupa lindíssima. Devia escrever isso no seu texto.

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Ok, eu escrevo. Então Kerris, o que a Amy significava para você?
Kerris: A música dela era inspiradora.
Jane: Onde é você ia ver um show dela mesmo?
Kerris: Em Londres…
Amber: … mas ela não veio, e o show foi cancelado.
Jane: É uma pena que tenha escolhido esse caminho.
Spencer: … só serve para mostrar que as drogas são uma perdição. Uma perdição.
Jane: E coitado do pai dela, que apareceu na televisão em 2008. Dava para ver o desespero dele querendo tentar ajudar a filha a voltar ao bom caminho.
Kelly: É muito triste.

O que vocês acham do “Clube dos 27″?
Kelly: Agora mesmo a gente estava falando das conexões psíquicas, e se isso faz parte da nossa natureza predestinada…

E chegaram a alguma conclusão?
Spencer: Tudo acontece por um motivo, né?
Kelly: Talvez esses músicos vivam tão intensamente que gastam a vida mais rapidamente que a maioria de nós.
Spencer: Eventualmente, Deus os leva.

Obrigada a todos.

POR ELEKTRA KOTSONI VICE UK
TRADUÇÃO POR EQUIPE VICE BR