O jovem gaiense terá revelado diversas "trapalhadas" através do Football Leaks. Quanto à autoria do roubo dos e-mails do SLB, as suposições são muitas, as certezas quase nenhumas. (Foto pelo autor)
A cadência de notícias à volta do assalto aos e-mails do Benfica ganhou impulso, na última semana, com a detenção do hacker Rui Pinto em Budapeste. Quando na quarta-feira, 16 de Janeiro, foi noticiado que o jovem de Gaia tinha sido "apanhado", parecia que estávamos nos Estados Unidos no dia em que Osama Bin Laden tinha sido morto pelas operações especiais no Paquistão.A euforia tomou conta da comunidade benfiquista e alguma comunicação social reflectia esse sentimento de felicidade com parangonas nos sites da imprensa, nos canais televisivos e debates sobre o sucedido. O dia era de total contentamento, como se o início do fim do "mal" que afecta os encarnados há ano e meio tivesse sido, finalmente, "abatido". Puro exagero. A novela à volta do suposto pirata dos e-mails das "águias", ainda tem muitos episódios pela frente.
Fora dos relvados, o futebol português tem estado atolado de casos. Ao olharmos para o que se passou (e passa) com as três maiores instituições, é com enorme tristeza que nos deparamos com situações inóspitas que atingem o coração da verdade desportiva. Um mundo (ou submundo, para os pessimistas) que contribui para que não haja um ambiente saudável e transparente na modalidade, nomeadamente na principal Liga. Para ganhar a qualquer custo, são aparentemente utilizadas formas ardilosas para atingir os três objectivos centrais: ser campeão (ou, no mínimo, ficar em segundo), ter acesso à mina de ouro da Champions e enfraquecer os rivais.Desde o final do semestre de 2017, é o clube da Luz que tem estado sob fogo cerrado. Com a divulgação da sua correspondência electrónica (onde fica no ar um eventual benefício para conseguir os resultados vitoriosos durante o tetra), as campainhas soaram e as autoridades começaram a averiguar.Os processos nasceram ("Emails", "Mala Ciao" ou o caso de branqueamento e fraude fiscal) e, no E-Toupeira, confirmou-se a ida a julgamento do antigo assessor jurídico, Paulo Gonçalves, pelos crimes de corrupção, violação do segredo de justiça, peculato e acesso indevido de informação. A SAD, para já, está fora de perigo - fica pendente do resultado do recurso do Ministério Público.É por este conjunto de nódoas na história recente do SLB, que se instalou no seio benfiquista a sensação de que o prioritário é descobrir quem é o pirata informático que roubou as milhares de mensagens privadas (fala-se de mais de dez anos de informação confidencial oriundo de diversos profissionais) e afastar o foco do conteúdo nelas inscritas. Basicamente, o que se pretende é chegar à cúpula azul e branca (que, diga-se, está longe de ser composta por anjinhos). Como foi o Porto Canal a divulgar a matéria sensível incluída nos e-mails, as "águias" concluem que os portistas pagaram por esse dados.Fortalecendo esta teoria da conspiração, transpirou nos media que o Benfica estaria disposto a conceder um "perdão parcial" se Rui Pinto identificasse quem lhe pagou para entrar nos seus servidores. Já sabia que estava perante o maior clube português, mas fico atónito ao ver que também se sente como um órgão de soberania do Estado (eu e a jornalista Fernanda Câncio que no twitter escreveu "não sabia q o Benfica decidia estas cenas"). E ainda não há ninguém acusado, muito menos condenado, como sendo o pirata de serviço…Nos dias que se seguiram à detenção de Rui Pinto - que se diz ter sido acelerada depois de ter protagonizado o pretenso ataque à sociedade PLMJ advogados, que defendeu o Benfica no E-Toupeira -, a alegria da equipa liderada por Luís Filipe Vieira esfumou-se. Por aquilo que se foi vendo e lendo, a captura é efectuada por causa de um mandato europeu associado a uma denúncia da Doyen Sports (o hacker teve acesso ilegítimo a contratos de jogadores agenciados pelo fundo de investimentos e, presumivelmente, terá exigido dinheiro para não os mostrar em praça pública). Antes de uma possível extradição para Portugal - que pode acontecer nas próximas semanas -, a juíza húngara decidiu que ficasse em prisão domiciliária.Os advogados de Rui Pinto (onde se destaca o francês William Bourdon, que já defendeu Snowden e Julian Assange) tentam evitar que o seu cliente seja extraditado. Negam que tenha havido extorsão e, sobretudo, por ser uma peça central do Football Leaks em que somos confrontados com as fugas aos impostos de atletas e outros esquemas perversos nos bastidores do futebol internacional.
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Fora dos relvados, o futebol português tem estado atolado de casos. Ao olharmos para o que se passou (e passa) com as três maiores instituições, é com enorme tristeza que nos deparamos com situações inóspitas que atingem o coração da verdade desportiva. Um mundo (ou submundo, para os pessimistas) que contribui para que não haja um ambiente saudável e transparente na modalidade, nomeadamente na principal Liga. Para ganhar a qualquer custo, são aparentemente utilizadas formas ardilosas para atingir os três objectivos centrais: ser campeão (ou, no mínimo, ficar em segundo), ter acesso à mina de ouro da Champions e enfraquecer os rivais.
Os processos que "Doyen" aos adeptos encarnados e os advogados de peso que defendem o hacker do Football Leaks
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Além disso, de acordo com a CMTV, o gaiense não pretende que a polícia judiciária aceda ao seu computador e vários discos rígidos - o que pode dar azo a pensarmos que esconde algo relacionado com um grande de Lisboa. Em complemento, a defesa que está a ser paga pela fundação franco-americana Signals Network (dedicada a apoiar os denunciantes que correm risco de expor informações de interesse público), fez saber que o hacker português tem estado a colaborar com as autoridades francesa e suíça em assuntos relacionados com crimes económicos. Segundo a imprensa detida pelo grupo Cofina, a cooperação também passa por ser uma fonte essencial para a polícia de Las Vegas deslindar o caso Ronaldo versus Mayorga.Como deu a conhecer tantas caldeiradas, Rui Pinto pode passar longos anos entre os tribunais justificando as "boas intenções" em revelar a podridão existente no desporto-rei (a eurodeputada Ana Gomes é um dos rostos que está do seu lado por expor a "corrupção bem entricheirada"). Muitos agradecem e pedem a sua libertação - como aconteceu, neste passado fim-de-semana, com a claque do Estugarda -, outros acham que o cibercrime deve ser severamente castigado por fanar informação privada.Uma certeza: o "argumento cinematográfico" desejado por parte da falange que apoia o clube da Luz, deverá continuar na gaveta. O "seu Bin Laden informático" parece estar muito bem protegido.
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